domingo, março 20, 2005

sabe-se lá...

- O que te vou contar implica a morte dela, mas tenho de te contar esta história...
Eles pareciam sofrer da solidão que não passa....mas acreditavam no amor...
Correspondiam-se quase todos os dias, por todas as maneiras possiveis. Marcavam encontros em Italia, ou em Berlim. Falavam de coisas simples durante horas e ignoravam os demais. Os olhos deixavam escapar paixão em todos os momentos que partilhavam e os sorrisos, de tao cumplices, carregavam ternura.
Foi ela que se apaixonou antes de mais, antes mesmo de saber...
Ela, que vê tudo, sente tudo, não conseguira prever...
Ele, mais velho, à procura de uma estabilidade da qual foge, cativou-a desde o prmeiro instante e fe-la levar até ao fim a magia que existia entre eles.

Ela deixou-se levar. Um beijo e depois mais nada. Durante meses amaram-se sem se voltarem a tocar, como quem persegue o que acredita, tendo sempre consigo um medo calculado e uma vontade de não se perder....para desta vez fazer as coisas bem...!! Sabes que o medo de sofrer é o que assola qualquer ser ...mas que quem sente, sabe que por tras do medo, estará sempre o amor.

Por fim, assumem que se querem por perto. Ela tem medo do medo dele, porque já o conhece. Medo que vacile. Medo que não se deixe viver. Ele pensa demais. Mesmo assim ela pede-lhe em namoro, e decidida, como nunca antes na vida, acredita que com calma, mais tarde, serão inseparaveis. Ele responde-lhe que já namoram desde o inicio.

Vivem momentos bonitos. Continuam a falar muito e a gostar de estarem juntos. Ela saboreava até os silencios. Ainda hoje se lembra dos que eram seguidos de um beijo ou duma frase mais audaz! queres subir?

Hoje estão afastados. Não se falam! Ele diz que lhe falta qualquer coisa...! Ela partiu para Paris, onde nada mais lhe resta senão esperar que algo aconteça, sem saber muito bem se algo irá acontecer, mas temendo sempre falhar o inesperado...

- ... Há pessoas que se envolvem sem perceber o significado da relação e o impacto que podem ter nas outras pessoas. Somos todos diferentes. E cada um sente de maneira diferente. Uns saram mais depressa ("em mim tudo sara devagar"). Outros ficam marcados para sempre. O amor pode mesmo ser a coisa mais triste do mundo quando se desfaz. Mas o maior problema...é a ilusão e mentira do amor! É como agarrar em pedaços de um espelho sem reflexo. Parte-se uma imagem projectada que talvez nunca fora verdadeira. E somos nós que nos cortamos e sangramos por tentarmos reconstruir cada um desses pedaços...

- Sabe-se lá..o amor...

sábado, março 12, 2005

saudades de mim

"Tinha o vento contra a cara e as nuvens e as ondas do mar por conta própria. Sofria muito de amores e não havia amor que durasse que não magoasse. Jurava-me que um dia viria a não ser eu, sem saber o que dizia, sem antecipar a ilusão. Para me vingar de quem não gostava de mim, em primeiro lugar da minha mãe. E agora a dor de ser já quem se não queria, ultrapassada a irremidiável distancia que vai do desejo ao seu fim, sem nada mais poder adivinhar. Saudades de mim. De quem nunca fui.


Eu não queria. Eu nunca quis. Minto. Eu quis quando não sabia o que queria."


Pedro Paixão