domingo, dezembro 31, 2006

....

O corpo abatido, a esfriar junto das paredes da banheira...
O chuveiro ligado...
O momento ideal para chorar...
O sitio perfeito para faze-lo...
A banheira enche-se... As lágrimas confundem-se com a àgua do banho...
A mágoa crava uma estaca no peito. No lado esquerdo.
A alma doi. E chora.... até não haver mais por onde chorar...
Depois, a espera... O rosto preso a uma expressão qualquer, que por mais que se tente nunca se consegue descrever...
Os olhos fechados. Cerrados com força...
Há lágrimas que so chegam mais tarde... Mas hoje não!
Hoje, não há mais nada por que chorar...
Deixa-se a àgua escorrer e espera-se que tudo o que se chora vá pelo ralo...

A dor mantém-se por mais algum tempo. Descarrega-se as culpas, que nem sempre são só nossas... e a mutação ocorre depois... sem nunca sabermos como será, mas desconfiando sempre...

segunda-feira, dezembro 25, 2006

Diário de um Louco VII

Um sentimento...uma dor profunda...

A tentativa falhada de emendar os erros do passado assombra-me diariamente e no meio da culpa consigo espaço para ganhar fôlego...desnecessário pois tudo volta ao mesmo!

Desorientado...a um pequeno passo da loucura, a culpa vai-me dilacerando o coração, queimando-me a esperança de conseguir olhar-te nos olhos como outrora o fiz...

Escondo-me do mundo que lá fora se ri...tenho vergonha pois riem-se de mim, da minha triste existência que não tem onde cair morta...

Pequeno sentimento perdido...apenas uma leve sensação de redenção na ponta de uma lâmina, talvez a salvação seja fria e dolorosa...mas necessária!

Sem demoras, apresso-me a acabar com tudo para poder descansar em paz...sinto-me fraco e perdido, cansado da vida sem sentido..."é apenas mais um..."

Serei sempre apenas "mais um"...

Hoje...

Certo dia olhei pela janela do meu quarto e admirei a simplicidade de uma folha que bailava com o vento em rodopios sem sentido, tão leve e despreocupada! Senti inveja, confesso! Nesse dia aprendi uma valiosa lição de vida, damos importância demais aos nossos problemas e saboreamos pouco os raros momentos de simplicidade que a vida nos oferece...triste existência humana, sem sentido!

Felizmente que te conheci, deste-me uma visão diferente das coisas, mais despreocupada, mais simples! Aprendi a gostar desse teu ponto de vista e dia após dia cresceu também a minha vontade de viver! As pequenas coisas ganharam importância e na sua essência fui descobrindo uma felicidade há muito perdida! Basta-me um sorriso teu para me sentir bem comigo e com o mundo...

Hoje, mais do que nunca, sinto que encontrei o que tinha perdido há muito tempo e nem a saudade me vai fazer tropeçar, cair...Vou olhar em frente e seguir a minha vontade!

Hoje, mais do que nunca, sei que é inevitável dizer que te adoro...

sexta-feira, dezembro 15, 2006

Olhava para ela enquanto dormia.
Na sua infantil percepção, era ali que se sentia calmo. Então, mesmo que lá fora o tempo convidasse a um chuto na bola, por hoje, ficava.
Era um calor bom aquele que sentia por dentro, como quando se sentava num banco ao sol no parque e comia um gelado, num fim de tarde no Verão.
A vida era simples naquela altura. 1+1 eram 2, como lhe ensinaram na véspera na escola. E os problemas desapareciam quando via desenhos animados.
Sorria quase sempre, deixando os dentes abertos surgirem pelo meio das bochechas gordas.
- Eu não sou gordo, sou forte!
Seja, era “forte” naquela idade. E talvez fosse. Que força maior do que nada temer? Do que não conhecer a dor, a perda, o sofrimento, a solidão, o medo, e todas essas coisas que sabia serem más, mas que não lhe desarmavam o sorriso.
A imaginação levava-o a todos os lados, mas não naquele momento. Naquele momento deixava-se ficar por ali, num momento de aparição, em que tudo estava calmo, e ele sentia ter tudo o que queria. Nem a consola que tinha pedido lhe fazia falta…
Era aquela a prenda que sempre tinha pedido. E agora que a tinha, sabia que estava ligado a ela invariavelmente.
Mas e quando não estivesse com ela para velar pelos seus sonhos? Quando não lhe pudesse cantar para a adormecer?
Pela primeira vez sentiu agonia. Não daquelas que sentia quando comia muitas gomas. Afinal não era assim tão forte. Ninguém é assim tão forte. E teve medo.
Olhando pela janela, viu no céu a sua mente. O sol estava tapado. Nunca gostou de tardes sem sol. E também nisso nada podia fazer. Sentiu-se pior.
- Eu sou forte! Eu sou forte! Eu sou forte! Eu posso tudo!
E pôde. O sol voltou a brilhar, ele voltou ao quarto para deixar no berço o que levava na mão, e depois foi brincar.
Ninguém notou pela falta. Nunca ninguém repara naquilo que se passa acima. Ninguém gosta de pensar naquilo que não é facilmente alcançável.
Ele descansou, e a partir dessa tarde, a pequenita pode dormir abraçada ao mais mole dos peluches. Mesmo que o caminho o levasse para onde não a pudesse defender, deixava para trás a nuvem que roubou para ela. Para que um dia, quando passar por tudo o que ele passou, e se sentir sozinha, e pensar que nem tudo é tão fácil assim, saiba que “Big Brother” é mais que um programa de televisão.

terça-feira, dezembro 12, 2006

Diário de Um Louco VI

Olho em volta para me encontrar em lugar nenhum...estou perdido!
Os vários espelhos reflectem o vazio que há em mim...estarei morto?
Talvez aos poucos, em cada segundo queimado, mais um pouco de mim morra enquanto desespero por uma existência que me faça brilhar os olhos...a saudade!
O brilho da chama da vida num olhar inocente desapareceu e deu lugar a um olhar apagado pelas poeiras do tempo...sinto-me vazio!
Espero, desespero e volto a esperar para poder desesperar esperando um outro desespero que tarda em chegar...espero sózinho em lugar nenhum!
Agastado, cedo enfim ao peso da espera...estou triste!
A minha alma calejada pelas desventuras da vida pede-me descanso...vou esperando!
A saudade de um pouco de paz enruga-me a face com expressões de sofrimento atroz...estarei vivo?
Dói...dói muito procurar por um lugar que se diz perdido, esperar por uma réstia de esperança que nos faz seguir o caminho certo...olho fixamente o chão!
Penso em voltar a tentar mas o medo de falhar prende-me as pernas...caio e não me levanto!
Acomodo-me às pedras da calçada polidas pelo vento...sinto frio!
Tento levantar a cabeça para olhar em frente mas tudo é distorcido pelas mesmas lágrimas de desespero...estou sózinho!
Olho em volta para me encontrar perdido em lugar nenhum...é triste!

sexta-feira, dezembro 08, 2006

Por outras palavras...

Houve um tempo, em que te enchias de força e me dizias com toda a convicção do mundo, que eu era a pessoa que querias a teu lado.
Na tua cabeça corriam todas as semelhanças que nos unem. As que insistimos em chamar "coicidências". Na minha, descansavam todos os pormenores que nos poderiam afastar, se tu deixasses...

Encostavas a tua cabeça ao meu peito e pedias por tudo que acreditasse em ti. Agarravas-me com força e dizias que estavas arrependido de alguma vez me teres levado a pensar o contrário.
Agora sabias o que querias...

E eu tinha medo.

Medo, quando sentia esses pormenores chamarem por lágrimas minhas...
Medo, quando eles se aprisionavam às lágrimas que já não era capaz de chorar...

Houve um tempo, em que repetias vezes sem conta que não ias desistir de mim e nem por uma vez ias baixar os braços.
Acreditei em ti... com todas as forças que me restavam...
Acreditei...porque disso dependia este amor.

Mas ontem não ia conseguir dormir se não te dissesse que estou cansada de palavras. Já não acredito nelas. Ou melhor, há uns momentos em que acredito e outros que não. Nesse intervalo, preciso de "outras palavras", preciso de acções e tu nem sempre te lembras disso. Gostava que me ouvisses quando te falo "baixinho" e isso te desse forças para me conquistares todos os dias.

Pedi-te que agarrasses essa convicção e me mostrasses um céu sem nuvens, onde pudesse voar sem medos. Me mostrasses essa cabeça cheia de desejos, esse sorriso imbecil e essa força, que dizes ter, para empurrar de vez a porta entreaberta.

Depois, fechei os olhos para te ver melhor.
Juro que ouvi os teus passos e imaginei-te deitado ao meu lado.
Voltei a ter medo de abrir os olhos e teres desaparecido por trás de uma nuvem como naquela manhã...

... Ao amanhecer, acordei com o teu corpo sobre o meu!... Maravilhoso imprevisto!

domingo, dezembro 03, 2006

Pensamentos Soltos V - 22h58

A ignorância é um estado de espírito

2 anos de blog


Para quem aterrou neste blog assim por acaso, há que avisar que os posts a sério são OS OUTROS! Isto é mais uma prendazinha que aqui deixo. O nosso blog faz 2 anitos... e achei que precisava de um boost.

Sendo assim, fui ao google... e pensei "giro era se o motor de busca apontasse para aqui muitas vezes"...

Ora... se escreverem "camilo ifonlyouknew" ate vêm cá ter... mas não me parece que haja muita gente a pesquisar isso...

Vai na volta... vamos obrigar as pessoas a virem cá ter:

Então pesquisem lá, que eu engano-vos...

Merche Romero Nua
Sexo
Sexo com a Merche Romero Nua
Merche Romero FHM
ensaio FHM
Portuguesas nuas
Sexo grátis
Filmes de sexo de portuguesas
Portuguesas Famosas

E pronto, com isto cobrimos automáticamente os rebarbados todos do país... vamos mudar o estilo dos leitores:

Comédia
Stand-up Portugal
Bruno Nogueira
Piadas
Anedotas

O sempre típico:
Sporting
Benfica
Porto

Agora os "clientes" mais típicos:

Blog
Blog Português
O melhor blog português da actualidade
Poesia
Poemas
Harry Potter download grátis (esta é só para lixar o pessoal mesmo).

Por agora não me lembro de mais nada...

mas sabem o que descobri? Que o google também vai buscar coisas que dizemos nos comentários...

... portanto dêm uma prendinha ao blog, e escrevam em comentário tópicos de pesquisa que possam fazer com que as pessoas se enganem a vir para aqui. Depois com um pouco de sorte dizem "Ah, deixa cá ver este blog, já agora". E se não calhar lerem um texto meu, ainda se tornam fãs. :P

Hoje o goole, amanhã O MUNDO!

Natal


Há quem cante músicas alegres. Há quem esteja, com a família, a desembrulhar prendas neste momento. Há quem esteja feliz. Há quem seja feliz!
Para ele era uma noite pior que as outras.
Normalmente sente-se ainda mais abandonado. Mas "Natal" é uma palavra que não gosta de ler. Que quase o ofende. A sua descrença no divino fez com que não celebrasse "O Nascimento". A sua descrença no terreno, fez com que se fechasse no seu Mundo. A sua descrença em si mesmo fez com que não conseguisse dormir.
Vestiu um casaco forte, o mais forte que tinha, calçou umas luvas, e foi até ao terraço.
Via luzes que saiam das pressianas entreabertas, por isso sentou-se, enconstado à parede, de onde apenas podia ver o céu. Foi ali que ficou, apenas ele, queimando a bafos demorados um Marlboro que lhe fazia companhia.
Tinha os 46 anos marcados na figura, na pele, no cabelo, no olhar...
A vida passava por ele como sempre havia passado, com todos os bons e maus momentos, com todas as alegrias e tristezas, conquistas e derrotas, com todas as personagens. Se ele ali estava hoje, sozinho (e ele sabia-o) também a ele se devia. Porque se entregou às pessoas erradas, porque desprezou as certas. Porque perdeu a coragem de sofrer. Porque escolheu o pouco ao risco do nada. Porque abandonou as convicções, as ideologias, o romance da juventude. Porque se deixou envelhecer com a idade. Porque se tornou pior.
Porque todos os dias, como hoje, já não chora mais...
Ainda se lembra do nervosismo, do "nunca mais chega a meia-noite", da lareira, e do calor que sentia. Mesmo sem que a madeira estivesse a queimar. Ainda se lembra, porque nunca consegui esquecer.
- Maldita decisão a minha, de não ir a Portugal ter com os meus - atira ao ar, em voz lenta e pesada.
Era um estrangeiro naquele dia, mesmo numa terra que aprendera a chamar sua.
Acende outro cigarro na ponta que findava, e olha para as botas que trazia calçadas, que tinham percorrido com ele muitos dos quilómetros da sua existência recente. Também elas estão gastas, com a pele estragada, com a sola fininha.
Sente pena de si mesmo, coisa que evitava haviam anos. "A dor é temporária, o orgulho é para sempre", disseram-lhe um dia. E acredita nisso hoje, como sempre. Mas o orgulho não estava com ele naquela noite. Naquela noite, era apenas ele. Com o cabelo branco aos caracóis que se despenteava com o vento frio, com o casaco de pele castanho que não o aquecia o suficiente, com o cigarro a meio na mão trémula e gelada, com a beata apagada deitada a seu lado.
Já não chora. Mas sofre. Uma vida esvaziada de sentido, tomba como um vaso de cristal sujeito à tempestade.
Uma música da juventude toca-lhe ao de leve a memória. De Coimbra veio em tempos "Fuck Christmas baby, I got the Blues", pela voz de uma personagem criada por alguém que não se lembra.
Mas não é mais um jovem. E os blues tornaram-se a sua banda sonora há tempo demais, pautando cada dia, cada mês, cada ano, num compasso repetido de que não conseguia variar.
- O Natal pode ser uma merda! Perdeu todos os sentidos que tinha. Tem luz a mais, som a mais, tudo a mais. E não passa nenhuma estrela cadente.

Mais uma vida jogada fora. Terá valido a pena? Faria tudo igual? Não sabe.
E já é tão tarde para lutar... abandona o ringue.

sábado, dezembro 02, 2006

Na verdade....

O frio torna-se insuportável à medida que a noite avança.
Tenho o corpo imóvel. Apenas a cabeça se ocupa...a pensar.
Mais uma vez, tornei-me outra.
Descobri que tento colmatar o meu pessimismo com uma dose de prudência, que apelo ao bom senso para não sucumbir às minhas cóleras e que sou exigente porque gosto do melhor para mim.
Descobri que a muralha que me rodeia se reveste de amores contrariados, mas que com alguma paciencia se tomba e me deixa mergulhar nas àguas do acaso....
Dei-me conta das minhas fraquezas face ao amor e descobri que a casa onde moro renasceu das cinzas, no momento em que abri o meu peito à alegria que me envolve o rosto.
Na verdade, sinto-me a ceder a esta especie de vertigem que eu provoco, mas temo.
Na verdade, sinto-me a planar diante da vã incerteza...
Na verdade.... sinto tantas coisas...mas só consigo dizer uma de cada vez...
Porque é impossivel parar o coração para te poder dizer tudo...

Pensamentos Soltos IV - 3h15

A estupidez é bem mais interessante que a inteligência...A inteligência tem limites, a estupidez não...