sexta-feira, maio 27, 2005

"Corto-te em duas e faço de ti uma alma e um corpo que sangram para as mãos de quem te amou. Dizem que será loucura amar entre paredes sujas pelas entranhas que ficam agarradas às paredes desta sala que nos amou. Separo o teu sangue. O branco que te defende do mal que te ofende. O vermelho puro que bebo compulsivamente para sentir a vida que corre em ti. Isolo o teu coração para simplesmente o sentir. Sinto-me a ir ao encontro da poeira que nos circunda sem cada um reparar. Faço de cada grão uma gota do teu sangue e encharco-me em loucura. Sinto cada batida em cada uma das minhas mãos que amparam a vida que se concentra num músculo. Rasgo as tuas pernas para retirar a tua força. Dos teus braços arranco as linhas de pele que me vestem enquanto durmo com a saudade. Ingiro os teus olhos para degustar o prazer de ver como ninguém. E do último olhar apenas a mim me pertencer. Faço dos teus seios uma estrada para os meus dedos. Do teu sexo apenas o que ele é. Um símbolo do teu poder. Foges sempre à palavra foder em nome do amor que justifica o que o teu sexo é. Agarro-me ao amor que te dei. Corto-te em duas e deixo a alma à deriva. O teu corpo fica comigo. O teu sexo. Tu. Falta-me o teu amor."
texto escrito por : Adão

quarta-feira, maio 25, 2005

odeia-me...

Odeia-me por não ser perfeita. Por ser a fraude que crio. Por tapar o que sinto, para não veres.
Odeia-me por pensar fazer o bem, escondendo o óbvio.
É tudo medo...
Odeia-me por ainda te trazer no coração e te cuidar todos os dias. Ou por querer o teu toque na minha mão...no meu rosto...na minha nuca...nos meus cabelos...
Odeia-me por te querer num sempre. …por te sentir, num hoje... por te precisar, num agora.
Odeia-me porque me controlo. Porque te oculto tudo isto...
Odeia-me por te odiar de vez em quando. Por não saber como lutar pelo que quero.
Odeia-me hoje... porque te segui. Porque, ao longe, fiquei a ver-te, porque me brilharam os olhos e porque, por breves segundos, sorri.
Odeia-me porque te sinto a falta... ou simplesmente... porque sim...

quinta-feira, maio 19, 2005

e tanto fica por dizer...

Folheia-me como uma Agenda, que todos os dias te reserva um espaço...e todo o seu tempo...
Folheia-me como uma Enciclopedia! ...Como um Diário, que partilha segredos ou como um livro de Braille, que conheces pelos sentidos...
Folheia-me como um Jornal, que dá conta do que sinto...
Folheia-me como um Bloco de notas, ou como um Livro em branco, que tu tocas... e marcas! Que tu preenches...
Folheia-me como um Livro...inacabado...
...que não acabaste de ler...

Wallpaper


It’s coming back so fast, that I should fake this alone.
You kept me back so unthinking, that I should fake this alone.
...Because your breath is still in me and you shape is still around and this shallow light won’t let me go, no… because .... even if you break my heart and even if you make things wrong, you will always be the one, you will always be my love.
I will fight against those walls I will love against those walls, I will dream against those walls, I can lie against those walls, or even try to break those walls, I try to fly upon those walls, I can bring light to your wall again and again against those walls, I will sleep against those walls, I’ll bet my life to sing my songs…
the gift
am/fm

quarta-feira, maio 18, 2005

como de costume....

Costumava ter-te por aqui.. à minha volta.
Costumava reconhecer o teu cheiro em mim.. e ficar cheia por te ter perto...
Costumava sentar-me a teu lado e ouvir-te...calado!
Emaranhava-me em ti...segura, como nunca antes!
Costumava sentir que qualquer passo que desse, tu estarias sempre à minha frente... à distancia de um olhar que me indicaria o caminho e me que deixaria um rasto. À distancia de um braço que me apoiaria o corpo, ou até a alma.
Hoje perdi a rota. Não sei por onde vou, nem para onde me levo. Perdi o caminhar que seguia o teu. Perdi-me!...E no exacto momento em que iniciei a minha queda, anseio que voltes a tempo...de me amparar.

terça-feira, maio 17, 2005

nunca é só mais um dia....

Um dia.... Uma hora... no teu corpo, na minha vida...
Um minuto, Um segundo... e tudo pode mudar...
Um amor pode surgir de onde menos esperas..
Uma paixão pode aparecer sem querer...
Um todo pode contemplar Uma parte...só nossa...
Um sol pode nascer todos os dias...e nunca é igual...
Uma lua pode testemunhar Um beijo...
Um desejo...

nunca é só mais um dia... e eu não consigo prever o seu final...

"posso fazer-te uma coisa?"-disse ela.

a probabilidade maior ou menor de chegar ao resultado esperado

" Considerando a nossa vida como uma parada finita, comparada à salvação eterna, à infinidade de vida feliz a ganhar, a aposta de Pascal convida-nos a jogar, pois neste jogo as hipoteses estão a nosso favor:
« [...] todo o jogador arrisca com certeza para ganhar com incerteza; e, contudo, ele arrisca com certeza o finito para ganhar incertamente o infinito, sem pecar contra a razão[...]. Mas a incerteza de ganhar é proporcional à certeza do que se arrisca, segundo a proporção dos riscos de ganho e de perda. [...] a nossa aposta tem uma força infinta quando, num jogo com tantos riscos de ganho como de perda, ha o finito para arriscar e o infinito a ganhar».
Perelman
"o imperio retorico"

segunda-feira, maio 16, 2005

If only...parte III

"...Felizes aproveitam a nova oportunidade para tornar aquele dia no melhor das suas vidas....

Ele: Amo-te
Ela: Eu tambem te amo
Ele: Quero dizer-te porque é que te amo...
Ela: Está a chover. Sabes disso, n sabes?
Ele: Tenho de te dizer isto e tu tens de ouvir...Amo-te desde que te conheci, mas não me permiti senti-lo verdadeiramente até hoje. Estava sempre a pensar no futuro. A tomar decisoes por medo. Hoje, por causa daquilo que aprendi contigo todas as opçoes que fiz foram diferentes e a minha vida alterou-se completamente. Aprendi que se fizer isso, vivo a vida de forma plena quer tenha 5 minutos ou 50 anos para viver. Samantha, se não fosse hoje, se não fosses tu, eu nunca teria conhecido o amor...por isso, obrigado por teres sido a pessoa que me ensinou a amar ...e a ser amado.
Ela: Não sei que dizer...
Ele: Não tens de dizer nada. Eu so queria dizer-te isto!

Tal como no dia anterior, o acidente também acontece...mas ele tem outra atitude...e faz qualquer coisa...por ela..."

vejam o filme!!!

Tao simples....

Fortes palavras... gestos...pensamentos...actos!! Intensos!!
Primeiro uma vontade...depois o disfarçar de uma transparência aliciante...
Sem querer tocaste-me... o teu toque vincou-me a pele.
Sem propósito, seduziste-me (acto natural em ti).
Sem saberes, fascinaste-me (já era de se esperar de mim).
Tinha-te nos braços e não sabia como te abraçar. Desejos à flor da pele, sorrisos, ternuras que queria que fossem só teus...
Mas fugias sempre...
Em momentos constantes de loucura, reconheço o quão me desorientas. Queres saber e sentir e não és tu se não fores assim. Torna-se tão difícil querer manter-te aqui…
Es perfeito para mim, aos meus olhos...mas não podes ser eternamente meu…talvez nem de ninguém. Doi demais viver em função de alguém...
Num abraço fechado, sentes que o teu toque ainda aqui está....como marca...
E não queres voltar...tens medo, medo de ficar assim...como eu...
E doi aqui...naquele sitio...
Hoje sei que te tenho de libertar. Tornar-te pássaro…que mesmo tendo de migrar, deixa a esperança de um dia poder voltar....

If only....parte II

É entao que se dá o milagre. Ele acorda de manha, e ela está viva ao seu lado. Mais estranho ainda...estão a viver de novo o dia anterior e apenas ele sabe que isso está a acontecer...

Ele: se, por alguma razao, não te restasse muito tempo....
Ela: estas a falar de hoje?
Ele: não, estou a falar para sempre...! Se só te restasse um dia, o que fazias?
(...)
Ela: é uma resposta facil e obvia. Passava-o contigo.
Ele: serio?
Ela: claro. Só so dois, juntos, como agora. A não fazer nada!
Ele: só isso? mais nada?
Ela: uma proximidade...uma proximidade intensa. Partilhar as coisas um com o outro. Coisas parvas, coisas dificies. Foi isso que eu sempre quis para nós e, se pudermos te-lo...nada poderá afectar-nos...

sexta-feira, maio 13, 2005

"...morrer por ser preciso, nunca por chegar ao fim..."

Sentes-te senhor de um mundo de sorrisos, prazeres, desejos… não há espaço para responsabilidades nem momentos melancólicos e tristes.
Sabes que a tens não é? Mas talvez escondas o que deveras sentes....
Gostas de a ter quando queres! Mas será que ela te ama? Ou simplesmente também gosta de te seduzir… tocando-te como gostas, acarinhando-te, segredando-te ao ouvido, dizendo o que queres ouvir...
Eu sei que quando lhe passas a mão pela cabeça, quando a acolhes num abraço fechado, é com medo que um dia ela pensa em vir a cair..a quebrar…a partir....a perder-te. Supera ventos e tempestades, se assim tiver de ser… mas é em ti que encontra a sua protecção.
Não queres saber até quando esse prazer vai durar...
Deixam-se ir, eternos sedutores.... sem pensar que podem surgir mágoas, se um dia esta historia não passar de uma folha de diário... guardado...!!

em silencio...

Falaste-me, em sussurros dos teus , palavras que mal ouvi...
Hoje limistas-te a planar, a voar por cima de mim. Eu pouco falo. Tu não ouves…Eu tanto mostro, e mesmo assim não vês....mas sinto que me acompanhas...em silêncio!!

terça-feira, maio 10, 2005

se....

E se eu trocasse o sol pela lua e a lua pelo sol. Seria dia quando agora é noite. E à noite seria tempo de luz que aquece mais no Verão. De dia teríamos a lua de Verão. Que aquece mais que o sol de Inverno. Esse que se escondia quando os lençóis nos cobrem. Se eu não te tocasse e me sentisses. Mesmo assim me sentisses. Se fossem os meus olhos a percorrer o teu corpo. E não cada uma das minhas mãos. Se te visse com os meus dedos. Despidos a percorrerem cada linha do teu corpo. Dirias que era a melhor coisa do mundo. E olhava-te em pontas de dedos. Sentia-te em cada traço da minha retina. Se te levasse ao outro lado do rio com as minhas asas. Se fôssemos pássaros que falam e sentem. Voava como um anjo ao teu lado. Meu anjo.
Em cada bater de asas cruzávamo-nos com os outros que por ali passam. As pontes afundavam-se. As estradas serviam para os rebanhos de pastores graúdos. De vara na mão, encaminham a lã que tece os fios que constroem as linhas que no céu encaminham os miúdos. De asas fracas pouca força têm para passar desta margem para a outra. E nós, seguros pelo nosso dia em que a lua nos cobre forçamos o vento que bate em sentido contrário até nos esgueirarmos na fissura do castelo e daí ver o nascer do sol. É noite.
Se o ódio que consome os velhacos que lá em baixo se escondem na cidade fosse o verdadeiro amor. Se o amor deles fosse de tal forma pervertido que, embebido em loucura, lhe chamassem amor. Então odiava. A ti e a todos. Porque é do sentimento sagrado que nasce a existência. Onde tudo começa e tudo acaba. E se o princípio fosse o fim. Se nascêssemos do último suspiro. Se a morte fosse um orgasmo. Se a sabedoria das rugas fosse a nascença. E todos morrêssemos com a ingenuidade de uma criança. Sem saber que acabou de nascer. Se o choro fosse riso. E se o riso fosse cada uma das lágrimas que o desespero já me verteu. Se o sal que deito por ti e por todos fosse o mar. Se chorássemos para o mar e dele nascesse a razão que a todos banha. Se o mar fosse o cimento. Se o cimento fosse um rio de estradas por onde andam rebanhos imaginários. E os pastores, velhos, fossem ilusões de uma vida paralela.
Se eu não existisse. Se tu existisses. Serias o mesmo. A mesma. Se eu estivesse ali, longe do vosso olhar, que seria de vós. De ti. Estaria de asas pregadas ao céu, como um anjo, num dia de estrelas, a olhar para pastores velhos que percorrem estradas de água, e beijava-te. Porque em todas as estrelas certamente havia um espelho e deles saía a tua imagem. Agarrava-me a ti. Aos outros. A todos. E se o mundo fosse assim? Simplesmente diferente. Será que seria o mesmo. Será que te odiava. Ou simplesmente te amava.
escrito por : Adão

Ao telefone III

" Mas aquela mulher tambem queria mais , queria ver o futuro, mergulhar nele, e atraves dele mudar de pele, perder o liso da barriga, mudar aquele sorriso estupido de quem não sabe dizer que não, cortar o cabelo, mudar a cor dele, vestir encarnado, escrever espanhol, comer françes, mudar de restaurante, mudar de rua, dançar, descalça, talvez. Ao telefone, queria nascer sem mãe e sem pai, respirar pela primeira vez, enconstar-se a uma nova estatua e fumar um cigarro proibido, rezar a um deus distante e cair de costas na vida, sem medo. Que entretanto é a mesma vida de sempre, e dizer olá sem falar, ao viajante que entrou pelo corpo adentro antes de falar ao telefone.

Alguem lembrou Hoje mesmo Que quer isto para sempre Como da primeira vez "


lux woman /Maio
escrito por: margarida marinho, actriz

If only...parte I

Ela esta apaixonada pelo seu namorado. Ele esta apaixonado por ela mas não consegue mostrar-lhe a verdade dos seus sentimentos. Ela é uma impulsiva e liberal estudante de violino, mas quer-se tornar-se cantora. Ele é um concentrado e sensivel jovem executivo financeiro. Ela está de partida para visitar a sua familia. Ele não a irá acompanhar porque vive para o trabalho.
No fim de um dia dificil, chegam ao ponto de ruptura. Mais tarde, ela acaba por morrer num acidente. Nessa altura, ele percebe a forma como se comportou até então, mas é tarde demais....
Ao entrar no quarto que partilhavam juntos, encontra o diário dela. Folheia-o.
"Tenho estado a tarbalhar numa canção que fala de mim e do Ian. Quero dar-lha antes de me ir embora, mas tenho medo...Ia assustá-lo. Por isso, comprei-lhe antes um casaco. Dizem que numa relação há sempre quem ama mais...quem me dera não ser eu!!!! "

domingo, maio 01, 2005

Ao telefone parte II

" (...) Esta mulher desejava operar a sua alma através da sua memoria, desejava então que uma parte da sua memória desaparecesse levando consigo todas as cenas de amor, todos os lugares em que se emprestaram um ao outro, todos os momentos em que se juntaram os outros a si, todos os outros que os ligaram ainda mais, todos os sonhos que aconteceram, todos os sonhos que cairam. Esta mulher desejava que tudo passasse a ser nada e que nada pudesse ser tudo, a partir de hoje. E ela desejava o impossivel duma frase batida, que hoje fosse o primeiro dia do resto da sua vida. Ao telefone.
Porque esta mulher queria os pés no lugar das mãos e as mãos no lugar dos pés, queria por-se de gatas e atravessar o resto da vida debaixo da mesa. Queria esquecer aquelas rugas desalinhadas da testa ao pescoço, aquela cicatriz ortografica por cima do labio superior, aquela cor de olhos, um resto de castanho isolado já não era cor nenhuma, aquele corpo inteiro, a franja desalinhada, cinzenta de idade e aquele cheiro de quem mora em muitos lugares. Esta mulher queria esquecer definitivamente aquele homem. Mas esta mulher queria um enterro sem cortejo, sem corola, sem padre, sem missa, sem despedida. Esta mulher não queria que lhe doesse o corpo no lugar da alma. Esta mulher não só queria esvaziar a concha da agua, como tambem queria destruir a forma da concha para que nunca mais pensasse em enche-la com o quer que fosse. Queria o vazio no lugar do amor. Queria pegar nele, moldá-lo a medida duma so pessoa, dum so copo. E queria um prato cheio daquilo. Queria uma mesa para um e esvaziar a barriga de todos os sabores que conhecia. (...)"