segunda-feira, janeiro 31, 2005

remorso do sobrevivente

" Tenho de continuar a aturar o adolescente em mim. Tenho de continuar a aturar todos os que estão em mim, porque nunca tive coragem de crescer abandonando quem fui. De sufocar com as minhas mãos os que devia deixar prara trás, moribundos. Fui acumulando quem sou. Por isso estes gritos desesperados em linguagem adolescente. E até coisas mais infantis.
Fui-me conservando a mim próprio pelo respeito de nunca saber quem era, o que seria, de ignorar o que se estava a passar, o que por mim passava, aquilo a que chamamos tao inconscientemente vida.


Fiquei suspenso nesse espanto, tal e qual como agora, olhando-me, sem conseguir dizer a palavra decisiva que me fizesse subir por uma escada que me levasse mais alto e me fizesse definitivamente ser outro. Sou quem fui, quem serei, o mesmo adulto enquanto criança, a mesma criança enquanto adulto e a aparência fisica é só o disfarce que tem de ser.
Por vezes encontramo-nos todos numa roda e o mais velho tem certamente mais experiência mas é nitidamente menos inteligente e sofre de falhas de memória. De certo modo, que não sei justificar, tenho ainda ficado mais criança e isso doi-me. O desconcerto do mundo faz-me chorar lágrimas porque sei não o ter vindo a perceber melhor, antes o desentenda mais.

Vivo a vida por empréstimos mais curtos, de minutos, e sinto o dever de agradecer constantemente o vive-la. Ninguém sabe. Ninguém acredita. Como o funâmbulo que percorre o arame estendido olhando em frente, não posso olhar o vazio. E o vazio envolve-me. Aliás, nós todos nos encontramos numa igual ignorância que não é disto nem daquilo mas do que está por detrás desta noite e aquém do que quer que seja. E eu sou a tal criança teimosa com perguntas impossiveis. (...) "


Pedro Paixão- Quase gosto da vida que tenho

terça-feira, janeiro 25, 2005

De mão dada com a vida – parte 2


E por ai continuei. Sem chapéus. Sem certezas do que fazer, para onde ir, quem acompanhar. Só sabia que tinha de andar, que tinha de teimosamente percorrer as linhas que me orientam no espaço e no tempo. Ou que me desorientam. Assim sigo por ai. Coleccionando sorrisos, limpando lágrimas que ate me agradam ver. Completando metas a que me propus, estabelecendo destinos que pretendo abraçar. E sigo por ai de mão dada com a vida quando a que quero sentir é a minha na tua. Desde o ultimo sorriso. Desde a última palavra escrita ou falada que fuja aos vulgaríssimos olas e tás bom precedentes de dois beijos que ainda assim me agradam especialmente receber e devolver. Desde a última mensagem que nem lembro quando recebi. Desde a última vez em que abrir o teu nome no msn não tenha sido unicamente para espreitar a foto que deverias ter e nem sempre tens. Desde, desde, desde. E o pior é que passo bem assim…ou menos mal…ou menos bem. Sim, menos bem Definitivamente menos bem.

(por aqui me fico hoje…ainda não sei onde quero chegar!!!)

momento de inspiração literária

-Nessa altura não tinha o teu numero...
-Tinhas sim. Sempre tiveste. Só que não sabias...

quinta-feira, janeiro 20, 2005

luz azul...

Um dia, á minha frente, uma luz azul parecera turquesa. Falara-me de sonhos, alegrias, da ilha que me esperava..e fugiu.. Hoje, reapareceu para mim..! Á sua volta o ar libertava purpurina e os seus olhos dissipavam-se em vermelho. Lembrei os dias a seu lado e amei-me la ter estado... até não me deixar mais.
Sem o deslumbramento inicial, consegui ve-la... rodeada de algo que desconheço... tinha cheiro a carne e revestia-se de contrastes. Olhou-me. Caiu-lhe a mascara. E eis que surgiu... PUTRIDA!

"sempre estive aqui á tua espera..."

Olhos grandes, bem abertos ao mundo...com uma enorme vontade de viver...! Eu!
Um dia tropeço, balanço...caio! Levanto-me e não conheço o que vejo. Mostram-me um novo mundo. Não abdico e parte de mim fica para trás. Não sou eu, mas eu igual aos demais. Perco noção do tempo...
...Mas sento-me todos os dias em frente ao computador. Na cabeça um leque de boas recordações. No ecrã uma seta imobilizada...em cima do teu nome! Doi aqui...onde doia...mas agora mais..! Consigo vislumbrar porquê, mas mantenho-me inerte.
E tu também!
Revolto-me com o mundo. E comigo mesma, por acatar respeitar vontades que não a minha. Quero ser sempre diferente, porque ao meu lado estarão sempre os especiais.
Mesmo que quisesse, não conseguiria ser como todos os outros. E hoje sei porquê...são raras mas ainda existem...pessoas como tu...

segunda-feira, janeiro 17, 2005

(re)conhecimento

Recentemente tenho ignorado o mundo. Tenho acatado tudo como obra do destino. E vejo-me no fundo do negro dos meus olhos. Vejo-me vazio.
Porém, dentro de mim existem outros e todos decidem menos eu. Não tenho conhecimento que se afastam,até chorar a sua ausência. E entao choro, até me convencer que é melhor assim. É melhor não fazer nada, não mexer no tempo...
Faço de mim vida, mas não me permito viver!
Procuro alma em todos os sorrisos, mas não tenho vontade de sorrir...
Insisto em mover-me por objectivos concretos. Construo bases seguras e conduz-me a confiança. Só com sentimentos me baralho...
Fico triste comigo e renasço sempre diferente... com vontade de tocar no que me toca... sem saber muito bem como...
Sento-me no sofá...
Pudesse eu não me incomodar...
Pudesse eu não pensar..
Pudesse eu ser outra pessoa... e seria eu mesmo. Sempre sem saber o que fazer, mas sempre com esperança...
São os dias que me guiam..

sábado, janeiro 15, 2005

De mão dada com a vida – parte 1

.
Mais um dia. Resolvi sair por ai. Em função do tempo que estava, resolvi apanhar umas quantas gotas numa certa cabeça desprotegida de qualquer protecção rigorosamente criada para tal. Primeiro pensei lutar contra o que está moralmente concebido para ser. Perante a chuva que teimava em cair abruptamente em direcção ao chão ou ao que pudesse encontrar pelo caminho, ainda pensei usar um chapéu, mas de sol. Acabei por não o fazer. Mal saia de casa e perante tão evidente supremacia dos chapéus, mas de chuva, rapidamente deixei cair o meu, mas de sol, junto de um vaso que alguém teimava em manter junto a porta da entrada com uma vasta vegetação e onde os mais novos do prédio, vá-se lá saber porquê, teimavam em enterrar os seus animais, findadas que estavam as suas curtas vidas.
Cedo me arrependi, cedo me apercebi que as gotas não eram assim tão intensas e que rapidamente na rua as pessoas iriam olhar o céu em busca daquela combinação de sete cores produzida pela passagem dos raios acolhedores de sol. E que muitos iriam envergar os seus telemóveis de ultima geração para recolher preciosa imagem. Também eu o fiz. Rapidamente acendo um cigarro, quase celebrando este belo momento e deixo o fumo sair da minha boca em direcção ao céu cumprindo ciclos de bafos interrompidos pelo bater da cinza para o chão que pisamos ao passar. Á minha volta as pessoas não me olham como sempre pensei que estavam a olhar, quanto muito olham-se a si mesmas, tentando perceber se o cachecol sempre combina com a camisa, se o chapéu, aquele da chuva, os tinhas realmente protegido.

(por aqui me fico hoje…não sei onde quero chegar!!!)

sexta-feira, janeiro 14, 2005

um bocadinho de uma história Parte III

Já era de manha quando ela chegou a minha casa. Eu não lhe abri a porta. Cada vez me isolava mais e nem vontade tinha de sair daquele estado de inércia. Margarida gritou qualquer coisa que não quis ouvir...! Pus uma almofada a volta da cabeça, de forma a tapar os ouvidos e disse para mim mesma: " Vai ficar tudo bem!"
A rapariga que só criava enigmas na minha cabeça, ficou frente á minha porta quase o dia todo esperando que eu saísse, mas eu não saí!! Nem á noite fui a praia com receio de a encontrar. E a noite la estava ela, sentada na berma do passeio, olhando para a minha janela e esperando um sinal. Senti a sua angustia demasiado rápida para a acompanhar. Não sabia que fazer! Quis dizer-lhe que não a podia ajudar, mas não me pareceu sincero!
Mais tarde, da minha varanda vi um vulto virando a esquina. Sem pensar escondi-me. Ela também me tinha visto. Voltou atrás. Uma pedra bateu na minha janela, produzindo um acanhado barulho, capaz de me assustar. Não reagi e ela foi embora. Durante dias tentei evita-la, com medo do que ela me pudesse dizer. Contudo, escondia-me por detrás da desculpa de não haver nada que me mostrasse quem era esta desconhecida...

" não chores (...)"

Lembrou-se de todas as coisas que ele tinha dito, todas que ela pensou serem meras provocações. Hoje soavam a desrespeito, humilhação. Adormeceu, sem querer perceber porque lhe doia.
Quando abrimos o coração, corremos o risco de jamais sabermos porque o magoam.
"Não chores. Só o presente te doi (...)"

quarta-feira, janeiro 12, 2005

e hoje revejo-me assim...

Todos os dias, durante as horas que dispendemos com quem nos rodeia, somos confrontados com opiniões, conselhos ou simples frases que ouvimos e acatamos, contestamos ou simplesmente ignoramos...
Contudo, algumas vezes pensamos que ignorar é esquecer...
Até que um dia, a vida mostra-nos que o antonimo de esquecer é lembrar...e relembrar!! Aquela frase afinal ficou aqui dentro para nos surgir no momento certo... no momento em que verdadeiramente a percebemos...
E bem sei que é uma fase...mas hoje relembro uma frase e revejo-se assim... "Ha uma altura na vida, em que a perfeita sintonia do ser se entrega ao entedimento de cada um. Nessa altura, sabemos exactamente quem somos"...

segunda-feira, janeiro 10, 2005

Some Mix please...

Estou no mundo das recordações.
E as cores estão a bailar.

Sinto saudade da antonimia dos tons frágeis e fortes, do seu contraste na luz, nos espaços, nos corações dos homens. Ao estender a mão, já toquei em cada uma delas....
O Amor não é senão uma mistura de cores...

Continuo no mundo das recordações.
E as cores estão a bailar.
É nele que vou adormecer...

sexta-feira, janeiro 07, 2005

um bocadinho de historia II (desculpem ser um excerto grande)

(...)

Sentei-me junto da rapariga e sem saber o que dizer, fiquei calada por alguns instantes, até que ela quebrou o silêncio..
-Olá Mónica!
Fiquei perplexa. Ela sabia o meu nome mas eu não sabia nada sobre ela.
-Não te assustes por saber o teu nome. Chamam-me Margarida.
-Se tivesse uma filha dava-lhe esse nome!!- disse eu sem pensar.
-Eu sei..!
Como poderia ela saber se nunca o tinha dito a ninguém? Era quase um segredo meu..Começava a pensar que teria feito mal em me aproximar dela. Pensei em ir para casa mas ela continuou a falar e eu resolvi ouvir.
-Ás vezes chorava porque sentia que não aproveitava o que a vida me dava.Perdia a oportunidade de sorrir por pensar negativo, por não ver beleza em mim eem tudo o que me rodeava. Sentia-me de olhos vendados a tentar encontrar umaporta, uma janela que me colocasse num caminho. Um qualquer, desde que pudesse caminhar. Depois sentia que não devia estar sempre a lamentar-me.. e depois voltava a perceber que era terrível todo o sofrimento que sentia, era demais de suportar, era demais para uma pessoa só..
Estranhei todas aquelas palavras, mas não consegui abandona-la. Fiquei, esperando não sei bem o quê.
-Está tudo tão mal e tantos anos ainda faltam chegar, não é? Será sempre assim? Também pensas assim?
Não conseguia falar. Nem uma palavra saia da minha boca. Seria possível isto estar a acontecer comigo?
Ela continuava, parecia nem reparar que as suas palavras estavam a confundir-me.
-Nada acontece por acaso. Os antecedentes dão-nos a hipótese de nos prepararmos para o que nos espera. O pior cego dos cegos é aquele que não quer ver.
Parecia absurdo. Parecia que outrora me lera os pensamentos. E finalmente consegui dizer-lhe:-Toda a gente ja pensou assim uma vez que seja...
-Essa tua vontade de desaparecer, esse teu desejo de viver numa estrela...
-Como sabes isso?
-Eu conheço-te melhor do que pensas...
-Falas como se me conhecesses há anos, pensas conhecer os meus segredos e julgas expressar o vai na minha cabeça...
-Sei que não estás bem...
-É isso que julgas?
-É isso que sei....
-Então não sabes nada e não me conheces!...- gritei
Levantei-me, sacudi a areia das calças e fui embora sem dizer mais nada. Olhei-a e percebi a serenidade nos seus olhos. Assustada, decidi caminhar sozinha. Olhei para trás uma ultima vez e vi que ela se entretia a ler algo que estranhamente reconheci.
A noite tornava-se mais fria, o sol tentava aparecer. Fui para casa pensando em tudo e nada fazia sentido. Abri sem barulho a porta de minha casa, o silêncio era assustador. Entrei no meu quarto e deitei-me por cima dos lençóis ainda com a roupa que trazia no corpo. Várias perguntas corriam dentro de mim procurando resposta. Deitei a mão ao bolso....MEU DEUS!!!

(cont)

terça-feira, janeiro 04, 2005

Desafia-me!

Entrei em campo outra vez...

segunda-feira, janeiro 03, 2005

No WoRd...

E o que sinto não tem nome...