quarta-feira, maio 30, 2007

Começar do 0

Sem sabermos bem como nem o porquê, vamos dando passos atrás na nossa caminhada...
Pensamos "De que nos serve ter uma voz, quando pensamos em nós e percebemos que estamos sós?"

Olhamos em frente, andamos para trás, sonhamos com um futuro e não tiramos os pés do passado, esquecemo-nos do presente...

"É triste!"...soluçamos nós num misto de raiva com medo, sem olhar para a trás é impossível seguir em frente...

Vasculho em caixotes cheios de pó, em busca de um pouco de esperança entrelaçada em memórias antigas...talvez aí consiga encontrar coragem para enfrentar todos os medos do futuro!

1...2...3...tudo acaba em respirações ofegantes após uma busca sem sucesso!
1...2...3...tudo acaba aqui...tudo começa de novo!

sexta-feira, maio 25, 2007

Ao som do piano…

Hoje ouvi o piano verter lágrimas…
E percebi que já não sei se estamos no início ou no fim…
(Para que me desafiam a tocar os céus se quando é preciso não têm força, ou vontade ou… determinação… para levantar voo?)
Um dia entraste na minha vida,
Cheio de vontade de ser o nada que podia ser tudo, a oportunidade que faria a diferença…
(Porque teimamos em dar importância ao que nos dizem à toa?)
Disse-te para não prometeres o que não tinhas intenção de cumprir…
Não sei se me lembro da resposta…
(as atitudes falam tão alto que as vezes não consigo ouvir o que dizes)
Um dia apareceste-me de mãos vazias…
O mundo inquieto pesava-te nos ombros e os dias eram cheios de qualquer coisa que sempre falta…
Eu dei-te os meus braços para te esconderes, disse-te que podias ser o primeiro a roubar-me o medo…
… E tu pediste que não partisse nunca…
(Quem se deve sentir pior? Quem tenta acreditar em cada oportunidade de renascer? Ou quem faz acreditar, pedindo/ dizendo o que não tenciona fazer?)
Afinal foste tu que fugiste…
(Desistir é mais fácil que resistir)
Por alguma razão já não sou quem te encantou
Já não sou a melodia que te embala…
(mas para que me ofereceste abrigo se agora me deixas a dormir ao relento?)
Hoje, que o piano soa a guilhotina
Eu procuro-me no fundo de mim mesma.
… e não encontro quem te perdeu…
(E em mim? Que parte de ti desapareceu?)
Hoje, que o piano faz morrer a mágoa uma segunda vez na minha boca, eu imagino-te a sorrir enquanto tentas imaginar como é o meu riso sem nunca o teres ouvido…
… Fecho os olhos (os que tanto insistias para que te mostrasse) e tento perceber se alguma vez tinhas a coragem de me olhar fixamente para me explicares o motivo de tudo isto?
(Será medo de olhares para mim e veres o reflexo do teu coração?)
Também eu muitas vezes quis partir para longe e nunca mais voltar.
Mas hoje queria que toda a gente que se afastou voltasse de repente.
Ou então, não toda a gente, mas tu! Ou todos os “tu” que me fizeram acreditar que acreditar podia ser uma saída para quem já não acredita!
(Palavras ditas em troca de nada… mas a culpa é minha… sei a verdade e acabo por acreditar sempre no impossível)
Hoje, que o piano me entorpece os músculos, há um pedacinho de mim que começa a pensar que pertenço aqui, a todas as vezes que me transpus, a todo o tempo que foi “nosso” e depois se desfez com muita pressa, num leve sopro…
(Como te sentes agora? Feliz?)
Hoje, ao som do piano… Começo a considerar que quem se afasta, talvez não se aperceba que me atira para longe, tão longe que é impossível regressar…E percebo que não sou perfeita, mas tenho a certeza que não são todas as vezes que me deixam sozinha que farão de mim uma pessoa melhor…
(será que consegues dormir enquanto sabes que choro?)

sexta-feira, maio 11, 2007

Escrever


Perguntas-me porque não gosto de mostrar o que escrevo...
Eu respondo-te…

Escrever é doloroso...

Escrever é sentir que deixo de parte o que vivo. Que passo ao lado do que podia ter sido.
Que vivo de perto, mas nunca toco…Que sou humana mas fora do normal. Que sofro com o que os outros não percebem e amo coisas tão pequenas que os outros não vêem…

Que sou desadaptada, desajustada, inconformada…louca...

... porque a minha cabeça vive de fantasias, enquanto o meu corpo se queixa do peso de um mundo… imperfeito.

Escrever é olhar para as injustiças, para as promessas não cumpridas e aceitá-las… É suportar essa mágoa sem nunca enfraquecer…
É relatar cada “batalha perdida” e lembrar tudo o que não resultou... Todas as impossibilidades que se conheceu e toda a esperança que se perdeu.

É reunir todas as armaduras que se vão recolhendo pelo caminho e todas as lições que se aprendem com a idade…
É procurar alento nas palavras, reclamar expectativas futuras, cobiçar a felicidade… (já julgando não ser possível…)

Acima de tudo, escrever é ter medo de adormecer e nunca mais acordar…
É tentativa vã de prolongar o que queria que fosse para sempre…
É viver, sentir, imortalizar…
... E por isso, sentir-te perto. À distância de um abraço…
Olhar para dentro e encontrar em mim fragilidades que nem sabia que existiam. E, por alguns instantes, refugiar-me no silêncio, isolar-me, ausentar-me de mim… e sentir-me frágil.
Escrever é perceber que por vezes fujo sem nunca ter saído do mesmo sitio…

Mostrar o que escrevo é ter noção que não encontro o lugar onde estou… e que muitas vezes recuso o que sou…porque nunca expresso tudo o que o coração sente. Por muito que queira…por muito que tente…
Mostrar o que escrevo é reconhecer que crio histórias para perceber o que não sou capaz… para tentar distanciar a vida das palavras e não olhar mais para trás…
Mas é também confirmar que o que escrevo, sem querer, provoca dor e sofrimento. Mesmo aqueles de quem gosto muito.

É entristecer-me ao saber que te encontras nas minhas palavras, que as usas para te perceberes e que fazes delas as tuas próprias ideias… Que te envolves com elas e te apaixonas… sem nunca me deixares saber o que de facto sentes.

E dizes que gostas do que escrevo, mas afastas-te de mim… de mim, que sou muito mais do que escrevo…

terça-feira, maio 01, 2007

Ontem...Hoje...Amanhã...O tempo!

Ontem...

- Sabes...acho que não consigo ser mais que teu amigo, acho que não consigo gostar mais de ti, não da forma que tu queres! Mas não fiques triste, com o tempo isso passa!
- Eu sei...passa tudo!
- Não sei como dizer isto de outra forma...não te quero magoar!Isto com o tempo passa...
- Passa tudo...o tempo cura tudo! Mais cedo ou mais tarde sei que vais voltar, com mais vontade, disponibilidade e querer! Sei que um dia vais voltar e eu vou aqui estar, com a mesma disponibilidade, com a mesma vontade, com o mesmo querer...mas até lá o tempo passa e tudo muda...o tempo cura tudo!

Hoje...

- Tenho saudades tuas...
- E eu tuas...fazes-me sentir bem e isso hoje faz-me falta!
- Tenho saudades tuas...não deixes o tempo passar, não deixes que ele te faça esquecer já que dizes que o tempo tudo cura!
- Não o vou fazer...hoje somos nós!

Amanhã...

- Não sei se consigo mais...tens de me ajudar a ser só teu amigo!
- Não te vou prometer nada...não vou contra aquilo que quero!
- Assim não estás a ser minha amiga...ajuda-me a não me querer envolver contigo!
- Isso não o vou fazer...só te posso prometer que vou tentar não querer estar contigo, nada mais!
- Ajuda-me...sei que com o tempo passa...
- Passa tudo...com o tempo tudo passa, o tempo tudo cura!