sexta-feira, maio 25, 2007

Ao som do piano…

Hoje ouvi o piano verter lágrimas…
E percebi que já não sei se estamos no início ou no fim…
(Para que me desafiam a tocar os céus se quando é preciso não têm força, ou vontade ou… determinação… para levantar voo?)
Um dia entraste na minha vida,
Cheio de vontade de ser o nada que podia ser tudo, a oportunidade que faria a diferença…
(Porque teimamos em dar importância ao que nos dizem à toa?)
Disse-te para não prometeres o que não tinhas intenção de cumprir…
Não sei se me lembro da resposta…
(as atitudes falam tão alto que as vezes não consigo ouvir o que dizes)
Um dia apareceste-me de mãos vazias…
O mundo inquieto pesava-te nos ombros e os dias eram cheios de qualquer coisa que sempre falta…
Eu dei-te os meus braços para te esconderes, disse-te que podias ser o primeiro a roubar-me o medo…
… E tu pediste que não partisse nunca…
(Quem se deve sentir pior? Quem tenta acreditar em cada oportunidade de renascer? Ou quem faz acreditar, pedindo/ dizendo o que não tenciona fazer?)
Afinal foste tu que fugiste…
(Desistir é mais fácil que resistir)
Por alguma razão já não sou quem te encantou
Já não sou a melodia que te embala…
(mas para que me ofereceste abrigo se agora me deixas a dormir ao relento?)
Hoje, que o piano soa a guilhotina
Eu procuro-me no fundo de mim mesma.
… e não encontro quem te perdeu…
(E em mim? Que parte de ti desapareceu?)
Hoje, que o piano faz morrer a mágoa uma segunda vez na minha boca, eu imagino-te a sorrir enquanto tentas imaginar como é o meu riso sem nunca o teres ouvido…
… Fecho os olhos (os que tanto insistias para que te mostrasse) e tento perceber se alguma vez tinhas a coragem de me olhar fixamente para me explicares o motivo de tudo isto?
(Será medo de olhares para mim e veres o reflexo do teu coração?)
Também eu muitas vezes quis partir para longe e nunca mais voltar.
Mas hoje queria que toda a gente que se afastou voltasse de repente.
Ou então, não toda a gente, mas tu! Ou todos os “tu” que me fizeram acreditar que acreditar podia ser uma saída para quem já não acredita!
(Palavras ditas em troca de nada… mas a culpa é minha… sei a verdade e acabo por acreditar sempre no impossível)
Hoje, que o piano me entorpece os músculos, há um pedacinho de mim que começa a pensar que pertenço aqui, a todas as vezes que me transpus, a todo o tempo que foi “nosso” e depois se desfez com muita pressa, num leve sopro…
(Como te sentes agora? Feliz?)
Hoje, ao som do piano… Começo a considerar que quem se afasta, talvez não se aperceba que me atira para longe, tão longe que é impossível regressar…E percebo que não sou perfeita, mas tenho a certeza que não são todas as vezes que me deixam sozinha que farão de mim uma pessoa melhor…
(será que consegues dormir enquanto sabes que choro?)

14 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Toquei-te mesmo assim tão profundamente ?

8:22 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Tou a ver que aproveitaste a minha historia e tudo o que te contei. Engraçado que nas tuas palavras parece que nao acontece só a mim. Obrigada amiga. tens sido incansável comigo.

12:12 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

É impressao minha ou o anonimo que comentou este texto é um bocado convencido?

Parece-me mais um texto introspectivo, em que se pensa em varios acontecimentos passados, do que um retrato so de uma pessoa...
Dai se falar em "todos os «tu»"...
(e como já vimos este texto é mais uma vez a k8tye em "personagem" lol)

Grande texto k8tye, adoro as diferenças do narrador... o que conta, o que fala para si ou para todas as pessoas que passam por nos... ;) tas la ****

2:08 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Este texto é brilhante. Tanta gente que diz o que nao tem capacidade de fazer. Eu acho que é porque gostam de pensar que sao! enfim...

Entende-se perfeitamente que o "tu" deste texto são todos os "tu" a quem lhes serve a carapuça! ******* joana

Gostei muito!

3:48 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Quantas vezes senti que nao sabia se era o inicio ou o fim....:S

O mal é chegar a um ponto em que nos apercebemos que sabemos que nao devemos confiar em ninguem, mas já confiámos, ou pelo menos demos o beneficio da duvida, e alguem nao aproveitou! Mas se assim é, porque chora o narrador deste texto? A consciencia que julgue "todos os «tu»" que nao aparecem derepente mas que sabem o que fizeram ;)

Tu és das unicas pessoas que me faz pensar que o que fazemos tem sempre consequencias. É bom sinal! (para o caso de te estares a perguntar :P )

beijinhos*****

1:56 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Belo texto k8tye :)
Mais uma vez "a discussão" do acreditar ou n acreditar/ confiar ou n confiar nos outros.
N tenho resposta para isso... Sei, por experiencia propria, que a vida é mesmo assim, acreditar e desiludir. E estas duas atingem niveis possiveis de nos deixar nos céus ou de rastos.

Filipe: as vezes ficamos tristes só pelo simples facto de nos fazerem " acreditar que acreditar podia ser uma saída para quem já não acredita!" É a tomada de consciencia que afinal ninguem é o que parece que nos faz desacraditar até na pureza dos sentimentos. Isso sim, é triste!

2:03 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Vim aqui uma vez e agora nao consigo deixar de passar por aqui.

Houve dias em que escreveria textos parecidos com este. Com palavras muito semelhantes. Mas nesses mesmos dias acabei por desistir de os escrever. Sei que, de tempos em tempos, iria rele-los e ficar ainda mais triste que no dia em que tinha pensado em escreve-los. Porque, de facto, ja perdi a conta às vezes que me desiludem. A "todas as vezes que me transpus" para "proteger" quem se aproxima "de mãos vazias" e acabo a ouvir o piano "verter lagrimas". Eu perdia conta... Quem estará a contar?

2:11 da tarde  
Blogger Maria said...

O teu texto arrepiou-me... Sabes que poderia ter sido escrito por mim...

Uma pergunta ecoa na minha mente agora que aquele piano se calou para sempre: PORQUÊ???

Beijinhos,

Maria

11:48 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

http://www.youtube.com/watch?v=0dPS-EHl-FE

Acho que esta musica(para além de ser uma das minhas preferidas),enquadra-se bem no espirito do texto.

*

1:17 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Não sei se é o que se passa contigo, mas tal como todas as coincidencias que já descobrimos, como o nosso aniversario, aquele mesmo nome, as situações...
Este texto é mais um daqueles que me faz chorar, que me faz sentir que alguem percebe o que sinto, que alguem sabe o que passei.
Tantas promessas não cumpridas, tantas palavras que revejo neste teu texto. também me pederiam para não partir, disseram-me que seria diferente, que nunca me iriam deixar...e passado uns meses foi embora e de um momento para o outro como se eu tivesse feito algo de mal, transformou me na sua pior inimiga... Sempre que tento uma conversa, sou eu que saio magoada...por isso acho que este dorme mais feliz se sabe que eu choro.
É estranho como aqui é tão facil ser entendida e aqui fora toda a gente me virou as costas porque simplesmente não tem paciencia para me ouvir, ou porque não entendem.
Obrigado por existires, mesmo sendo apenas aqui!
Desejo-te uma boa semana.
Beijinhos

11:07 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Passei para desejar um bom fim de semana...
beijinhos

11:21 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Quando puderes passa pelo meu blog...
Beijinhos

4:34 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Surpreendentemente essas palavras tb podiam ser minhas. Revi-me completamente!

3:30 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Saudades das tuas palavras...:)
Desejo-te uma boa semana.
beijinhos

9:18 da tarde  

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