segunda-feira, abril 02, 2007

Pedes-me tempo? Perdi-o. Tempo que me pergunta o que perco. Perco tempo numa resposta. A vida foi a enterrar há dias. E ainda me perguntas se há vida nestes dias. Morreste-nos. Se me perguntares o que me resta, que te posso responder? Restam-me todas as perguntas que não te fiz. Não tive tempo.

Se nesse tempo nunca o foste, não poderás ser parte de amor. Nasci para te ser. Ter. Te ter. Assim. Coração profundo agarrado às entranhas e ao resto. Cadáver perfurado de morte. De tempo. O antes e o depois passam indiferentes. Agora. O agora. És vida, morte ou, simplesmente nada. Perguntas-me ou sim ou não ou se tudo o que será um dia o que ainda não o é, se o for, se terá sido tudo, se terá sido tudo em vão. Coração profundo. Estranhas o vazio que há. Pedes-me tempo?

Facas afiadas matam a hipótese. E se? Não pode! E se for? Nunca! E se me embalares? Rasgo todas as linhas do antes e faço do depois o agora preso ao nosso corpo. Mato o "e se". E se o depois não o for? Não o será. Se me amares? Pergunta ao tempo. Ele te dirá. Será?

Braços ramos de árvores daqui ao infinito. Pele deserto lânguida suada amada. Palavras prosa harmoniosa correcta profunda. Dedos mãos quentes seda erótica. Meio-dia num oceano qualquer. Amor impossível possível ali. E pergunta-me o tempo. Acreditas? A vida foi a enterrar há dias. Aqui só há mar.

Obrigada Adão por este texto teu!

12 Comments:

Blogger k8tye said...

AMO este texto!
Adoro tudo. E até porque parece um desabafo de uma das minhas personagens da historia "Tempo...."
:)

12:48 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

q grandeee texto!! Adao é sem duvida um genio :)
Tens razao k8tye, e por esta ordem, parece mesmo uma continuaçao da tua historia, se bem que parece mais coisa do miguel que coisa da rita, dadop que foi a rita q bazou e anulou tds (ou kuase tds)as hipoteses da relaçao resultar.

Qt a este texto, so tenho a dizer: FENOMENAL!

12:53 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Magnifico. Que bem escrito. Senti qualquer coisa aqui no peito, um nó esquisito de quem lê e sente toda a força das palavras. Brilhante. ******* joana

1:16 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Muitos parabens, que texto "brutal".
"facas afiadas matam a hipotese" Gostei demais dessa frase...
bjinhos claudia

10:45 da tarde  
Blogger zorlac said...

Simplesmente brutal...há pessoas que ainda me deixam de queixo caído com as palavras com que nos brindam!!

9:04 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

absolutamente extasiado com este texto!

10:40 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Sem palavras! Simplesmente adorei! Sim, parece um desabafo de alguem da tua história, e por falar nisso, para quando uma continuação?? Estou curiosa!!:)
Boa Páscoa e um excelente fim de semana!
**BJS**

9:11 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

olha, estou sem palavras! Pera... deixa-me recuperar o meu ritmo cardiaco, porque por minutos acho que deixei de respirar e tudo!

...

queres-me matar so pode!!!!!
Com textos destes!!
"Meio-dia num oceano qualquer. Amor impossível possível ali. E pergunta-me o tempo. Acreditas? A vida foi a enterrar há dias. Aqui só há mar."

Eu nao sei mesmo o que dizer... bom demais, tudo o que sinto e tao bem escrito! lindo mesmo!! nao me canso de ler! Mesmo!

2:58 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Quem me dera conseguir comentar. Fico sem forças perante tais palvras. Gostei muito ;)
Ana Rita

1:43 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Perdia-se por ali, passando pelas ruas poeirentas. Sem corpo, sem olhar, sem nada. Morta. Nunca fora parte de amor. Sabia-o.

Matara-se.

Ele? Ele preferia a vida, o mar... as tardes soalheiras em que se sentava com ela. Preferia-a assim. Doce. Enrolando os caracóis que lhe emolduravam os olhos castanhos. Voando por entre amores impossíveis, ali, ou em qualquer outro lugar. Tivera-a. Fora-a. Sem qualquer preconceito, vasculhara as entranhas do seu corpo. Vivo.

Hoje, como sempre, sentia-lhe a presença sem a poder olhar. Seguia-lhe os passos. Preso ao antes, agarrava-se ao agora, perguntando baixinho se era vida, morte ou, simplesmente nada. Sem nunca saber de nada. Sempre pensando que a vida se plantava, para que, voltando a viver, a fizesse existir, como a lua nova que ficava no céu. Congelada. Contrariando a vida. A Terra. Perguntando tudo o que não tinha face para perguntar. Rogara-lhe a vida, sempre que o tentara fazer, pedindo-lhe que perguntasse baixinho para responder em silêncio.

Se a morte fosse sem dor, preferiria ficar morta...

3:56 da tarde  
Blogger k8tye said...

Anonimo: Gostei do que deixaste aqui, mas se não te importas identifica-te...

Para a boa continuação deste espaço, é bom que todos quantos quiserem comentar se identifiquem, senão os comentarios são anulados...

A gerencia agradece!

4:25 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Simplesmente FANTÁSTICO..FABULOSO
Gostaria de saber quem é o Adão.

7:11 da tarde  

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