Em frente à velha máquina de escrever, “o autor” espera que a inspiração chegue desta vez.
No quarto quase vazio, de paredes nuas a precisar de reboco, sente-se sozinho, como sempre, mas agora mais que nunca.
Sempre conseguiu deitar fora o que povoava a sua cabeça, desde vivências suas, a outras que não eram suas mas podiam ser. A sua máquina tinha sido a porta para ele mesmo. E nunca lhe tinha faltado. Mas agora, olhando para as teclas com as letras já sumidas, sentia que tinha sido traído. Pela melhor amiga. A única com quem partilhava tudo o que merecia ser partilhado.
E a folha em branco desafiava-o, como que a dizer-lhe que não era capaz, que não valia a pena…
Escreveu algumas palavras, iludido que as outras viriam em seguida, de uma forma natural, como normalmente vinham. Acabou bloqueando mais uma vez, depois de escrever “Hoje acordei diferente… Sinto-me...“.
Fechou os olhos, a tentar perceber como se sentia o narrador do seu texto. “Triste”? “Melancólico”? “Sozinho”? “Confuso”? “Frágil”? “Abandonado”? “Vulnerável”?
Por algum motivo mais forte do que ele próprio, não foi capaz de se decidir.
Com um gesto arrancou a folha e deitou-a amachucada no caixote do lixo.
Vestiu o casaco, já gasto nos cotovelos, preparando-se para sair para a rua, para desentorpecer as pernas e as ideias.
Deteve-se na porta, olhando para o espelho de parede baço, para ajeitar o cabelo, como era seu hábito. Naquele olhar maduro, que era o seu, mais do que ele mesmo, “o autor” reconheceu a folha em branco, amachucada no lixo. Fugindo ao seu controlo, a voz saiu-lhe: “Hoje acordei diferente… Sinto-me...“…
No quarto quase vazio, de paredes nuas a precisar de reboco, sente-se sozinho, como sempre, mas agora mais que nunca.
Sempre conseguiu deitar fora o que povoava a sua cabeça, desde vivências suas, a outras que não eram suas mas podiam ser. A sua máquina tinha sido a porta para ele mesmo. E nunca lhe tinha faltado. Mas agora, olhando para as teclas com as letras já sumidas, sentia que tinha sido traído. Pela melhor amiga. A única com quem partilhava tudo o que merecia ser partilhado.
E a folha em branco desafiava-o, como que a dizer-lhe que não era capaz, que não valia a pena…
Escreveu algumas palavras, iludido que as outras viriam em seguida, de uma forma natural, como normalmente vinham. Acabou bloqueando mais uma vez, depois de escrever “Hoje acordei diferente… Sinto-me...“.
Fechou os olhos, a tentar perceber como se sentia o narrador do seu texto. “Triste”? “Melancólico”? “Sozinho”? “Confuso”? “Frágil”? “Abandonado”? “Vulnerável”?
Por algum motivo mais forte do que ele próprio, não foi capaz de se decidir.
Com um gesto arrancou a folha e deitou-a amachucada no caixote do lixo.
Vestiu o casaco, já gasto nos cotovelos, preparando-se para sair para a rua, para desentorpecer as pernas e as ideias.
Deteve-se na porta, olhando para o espelho de parede baço, para ajeitar o cabelo, como era seu hábito. Naquele olhar maduro, que era o seu, mais do que ele mesmo, “o autor” reconheceu a folha em branco, amachucada no lixo. Fugindo ao seu controlo, a voz saiu-lhe: “Hoje acordei diferente… Sinto-me...“…