Ao telefone parte I
" ... veio-me hoje a memoria quando desliguei o telefone e ainda sobraram cem palavras, ou mesmo duzentas, de alguém, uma mulher, que queria esquecer alguém. Sobraram cerca de duzentas palavras duma conversa ao telefone entre duas mulheres, conversa essa que galgou mil palavras. Alias, milhares de palavras, porque estávamos inspiradas. Isso mesmo: uma mulher a desejar a morte de um homem em mil palavras. Mas esta mulher não desejava a morte física desse homem porque essa morte seria uma morte inútil, uma morte sem sentido para o sentido que ela hoje desejava dar à morte. Pelo menos através daquelas palavras. E daquele numero insano de palavras que jogámos entre nos. Ao telefone. Mas o que esta mulher desejava era que acontecesse o vazio na sua cabeça, um vazio absoluto, naquela sua cabeça que pensa o que o coração sente (...) "