terça-feira, agosto 22, 2006

“Os meus amores morrem antes mesmo de nascer”...


Sento-me no parapeito da janela. Olho o mundo que existe para além de mim.
Um mundo vazio. Cheio de manhãs sem um bom dia ternurento, finais de tarde sem um abraço e noites sem abrigo. Um mundo em que o tempo são os dias que leva a curar onde ainda dói.
... Porque existe insegurança e quem se deixe cair, vencido pelo medo. Somos humanos, temos a estranha sensação de temer o que mais desejamos…
...Porque há a desistência… o esforço que fica sempre aquém da recompensa…
O mundo é cheio de coisas que “não valem a pena”.

...Porque há a mentira A hipocrisia. As palavras, que não se sentem, mas que se enrolam bem na boca., que dão a entender que se sabe o que se diz… Palavras, que deixam um lastro de promessas… e nunca se chegam a cumprir…
... Porque existe o desafio, a luta interior. A procura do que custa a ceder… A tentativa de fugir ao fácil e a preguiça de lutar por algo complicado demais…
Há coisas que não se dão… Ganham-se!

Porque existe a vaidade, o excesso de adereços que iludem a vista… A frustração…
... A mágoa, o engano… A desilusão…

... Porque há quem assassine a confiança… Há quem mostre saudades de uma pessoa enquanto beija outra para lhe esquecer o gosto…

Porque existe egoísmo… e um mundo que tem de se guiar pelas vontades… pelas perguntas e respostas de cada cabeça sem nunca entender a verdade…de outrem…
Porque há quem não pergunte, não esclareça… Quem se esqueça da sinceridade…

… Ou quem simplesmente ponha os problemas em mim…
... Porque quero mais do que as outras pessoas… (Porque todos sabem o que quero, sem nunca se terem dado ao trabalho de descobrir…)
Porque desconfio, logo estou muito na defensiva. Porque me dou um pouco, e então cedi demais. Porque afasto as pessoas e sou fria, insensível. Porque escondo o meu orgulho e mostro preocupação, e então aproveitam-se de mim. Porque sou misteriosa e nunca digo o que penso…mas quando sou directa, oiço sempre um “não sei”.
Porque… se não respondo a algumas perguntas, sou uma “jogadora”, que manipula e engana …. Mas se pergunto… Confundo. Controlo. E acabo na ignorância.
Porque se sou muito carinhosa, procuro algo sério. Se sou muito descontraída, brinco com os sentimentos. Se me preocupo, dou importância demais. Se não, culpam-me de magoar quem se aproxima de mim…
Porque se saio magoada, não sei reconsiderar e ficar “amiga”, mas se por algum acaso incorri num pequeno erro de percurso, não me perdoam…afastam-se e mantêm-se em silêncio.
… Porque valorizo as coisas simples, como uma conversa, um toque na mão, um sorriso feliz, um gesto que se apossa de mim… um agradecimento, um reconhecimento, um carinho que resuma tudo isto e me deixe na boca o travo genuíno da emoção que me invade os poros. Mas, mais amiúde, o que me aquece a alma é o respeito. E para todo o lado onde olho, sinto-o a morrer….e por isso tenho de refazer os cacos, mesmo antes do meu amor nascer…
O vento muda. Sopra noutra direcção… e leva a possibilidade de um nós…para longe. Aqui, ainda se sente o calor do abraço, o cheiro da pele, … o sabor dos lábios, … o olhar… meigo, sensível, de quem parece chorar por qualquer razão…
Aqui, fica a distancia, a saudade revestida em raiva, a insuficiência de existir sem ti e todas as coisas que a mente revive… sítios, momentos, gestos, palavras….
Aqui, ficas… mesmo que eu diga que morreste…
Ficas. Mesmo depois de teres deixado tudo o resto fugir!... Mas morres, porque sempre que tentei deixar-te ficar a meu lado, tu preferiste manter-te distante…

14 Comments:

Blogger Fi Ferreira said...

Nem sei bem por onde começar... a imensidão de sentimentos, dúvidas e incertezas que compõe este texto deixa-nos mais uma vez com a certeza que a vida não é para ser percebida – apenas vivida.
Porque somos humanos queremos sempre mais e sempre diferente.

1º Não acho de todo estranho temer o que mais se deseja... aliás, parece-me até bastante óbvio que assim o seja. Acho até que existe uma proporcionalidade directa entre o desejar e o temer. Senão vê – podes viver uma vida inteira sem saber o que é o amor, mas depois de o descobrires sentirás sempre saudades do que é agora para ti uma experiência real, algo que sabes que existe e que podes ter. É como uma mulher que tudo o que deseja é ter um filho e no entanto quando o momento se aproxima é consumida por dúvidas e incertezas (será que serei capaz de fazê-lo? Serei boa mãe? e se lhe acontece alguma coisa?) ela deseja-o tanto que teme o que possa vir dessa experiência.

2º A mentira. A mentira é a questão constante nestes debates sobre a vida e as pessoas e por mais que procure a resposta não consigo encontrá-la… Não apoio o descrédito nas pessoas e admiro muito quem nelas ainda consegue confiar, mas confesso que temo por todos eles pois parece que quem confia acaba sempre por sair magoado no final. Espero estar errada e anseio por ver o desfecho de uma história que me mostre isso, mas ela tarda em vir.


3º “Quem simplesmente ponha os problemas em mim…” há quem assuma todas as culpas e há quem se afirme sempre inocente. Para mim quando uma relação falha é (quase) sempre culpa de ambos os intervenientes. Porque quando um não quer dois não brigam e se estiverem ambos empenhados com um pouco de conversa e compreensão desvendam-se os mal-entendidos e resolvem-se as questões. Não há razão para nos martirizarmos por algo que não é (sabes bem) só culpa nossa.


Cometemos vulgarmente o erro da generalização. Mas por mais anos que vivas não aprenderás nunca a lidar com todas as pessoas, cada um de nós é um só e tem de ser entendido como tal. O que hoje resulta com alguém pode amanha ser a gota de água com outrem... Faças o que fizeres, hajas como agires haverá sempre alguém que discordará de ti. Por isso o que tens de fazer é simplesmente seres tu mesma, sem te preocupares se és carinhosa de mais, ou fria de mais, ou possessiva de mais... As criticas essas deves ouvi-las e aceitá-las sempre que achares oportuno, mas não te esqueças de uma coisa – por melhor que seja o conselheiro a palavra final é sempre tua.

Politicamente correcto ou não, só tu o dirás…

2:25 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Desculpa a invasao.... Gostei do texto... Permite-me por isso dizer que...Eu já não tento perceber.. ou talvez por já o ter tentado fazer varias vezes, tenha desistido...agora confirmo tudo o que escreves neste texto... e mesmo assim, não me deixa melhor...
Não vejo mal em temer o que se deseja, mas vai contra a minha filosofia de vida, deixar que esse medo não nos permita "lutar" pelo que acreditamos... (e se não acreditamos, n devemos tentar levar alguem a acreditar por nós... como se facilitasse...)
Enfim...
Tal como tu, kathleen, e tal como a autora deste texto...também anseio que alguem me surpreenda... em vez de constantemente me desiludir...gostava que alguem se fizesse valer pela diferença, que alguem me mostrasse o "outro desfecho" como fala a kathleen...
E sim, também é verdade que nas relaçoes humanas, a culpa não é so de uma pessoa...nem que seja porque um se preocupou mais que outro..nem que seja porque alguém resolveu virar a historia e se criaram mal entendidos... nem que seja porque alguém não disponibiliza um pouco do seu tempo para a conversa e compreensao...
Não me parece que a k8tye fale de uma tentativa de agradar a gregos e troianos...entendo sim, que se trata de respeitar qualquer ponto de vista, mesmo que custe a entender... mas esta tarefa torna-se impossivel quando existem pessoas que optam pelo silencio... pela fuga... ou pelo "evitar"... Custa um pouco mais quando alguem procura não perder o que existira entre duas pessoas antes de um mal entendido...e não ve cooperaçao... (o sentimento de impotencia também doi...)
Contudo, cada um sabe de si...e cada um é como é... não se muda para agradar ninguém.. aceitamo-nos como somos e têm de nos aceitar tambem por isso...
Mas se vivemos em comunidade, é normal que nos tentemos entender da melhor maneira... Se bem que, depois de varias tentativas frustadas, temos de nos conformar com as circunstancias e esperar que a vida nos mostre o que é preciso.... porque é sempre ela que nos vem deixar a lição de moral... Estaremos atentos para a entender??

4:27 da manhã  
Blogger Maria said...

Li o teu texto e revi-me nas tuas palavras como se estivesse a ver-me ao espelho, nalgumas coisas. :-)

Espia o teu mail. Enviei-te uma coisinha!
Beijinhos

6:54 da tarde  
Blogger k8tye said...

Obrigada pelos comentarios. Serio! Um texto vale sempre mais pelas interpretaçoes que voces partilham aqui... Nao podia querer melhor complemeto... :)

Kathleen, desta vez comentaste bastante...será sinal que gostaste muito?

Desta vez não foste politicamente correcta, mas falaste no geral...colocaste as questões sob o prisma do meio termo...da procura do equilibrio (como sempre)...
Mas julgo que o teu comentario se funde um pouco com o da claudia (que desde já agradeço a visita)... principalmente na parte em que referes que somos nos que sabemos o que é melhor para nós... Se por um lado concordo contigo, por outro penso que a claudia ja respondeu por mim... não se trata de tentar perceber, porque há coisas que nunca vamos ser capazes de entender... mas trata-se de não gostar de mal entendidos e achar que faça o que fizer estou constantemente metida num... Como um insecto numa teia de aranha, quanto mais se mexe, mais se "enrola"... SE tentas fazer um esforço para entender o outro, muitas vezes és mal interpretada... Mas SE não tentas faze-lo, para "socializares", vives isolada num mundo so teu...e o que conheces? O que vives? Partindo do pressuposto que o "outro" somos nós....dado que nos projectamos no outro, eele adquire sempre oq ue lhe atribuimos... ou melhor, nós somos "o outro"...
Ja divaguei, não? Elucidem-me :P

P.s: Parece que há por ai muita gente que prefere mentir ou ficar calado que ser sincero... Eu também faço parte do grupo de pessoas que gostava de conhecer alguém que se mantivesse integro e me mostrasse "outro desfecho" (esta expressao pegou :P )

Beijinhos a tds***

4:02 da manhã  
Blogger k8tye said...

Almofadinha:
...é mesmo "dolorosamente nosso"...** venham mais textos ;) **

Ana:
...Volta mais vezes...gosto de te ver por cá, como sabes ;) ****

4:05 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Ol� a todos. Antes de mais tenho que vos confessar que sou nova nestas andan�as de blogs. Vim aqui parar por acaso e li algumas linhas do texto que me prendeu e que acabei por ler at� ao fim. N�o resisti e fui ler tamb�m os coment�rios... Dei por mim a fazer paralelismos entre partes do que li e a minha realidade. � bom lembrar-me que as complicadas rela��es humanas s�o globais e que de um lado ou do outro da rela��o, mais culpado ou mais inocente, so
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mos sempre part
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e de uma hist�ria igual a tantas outras.

Na hist�ria da minha vida, j� n�o procuro esse "outro desfecho", o "final feliz"... em que, quem confia n�o sai magoado... Tentei olhar de outro prisma para a confian�a (que mesmo quando amo n�o � cega), para o final (que agora vejo como o inicio de mais um capitulo da minha hist�ria) e para a m�goa... que depois de fechado o capitulo deixa espa�o para outros sentimentos.

Acho que o "outro desfecho" n�o existe... a sinceridade pode ser vista sobre diferentes perspectivas.

Acredito tamb�m que algumas pessoas t�m um lado "secreto" da personalidade e que muitas vezes s�o acusadas de falta de sinceridade por n�o o revelarem... o que n�o posso concordar

PS- acabei de reler o meu coment�rio e parece-me demasiado focado numa pequena parte do debate. As minhas desculpas por isso, mas vou enviar na mesma :)

Beijos

4:23 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

4:24 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

4:24 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

4:27 da tarde  
Blogger Skiro said...

em primeiro lugar deixa-me dizer que gostei bastante do teu comentario ao meu ultimo texto. Foi um belo complemento. =)

Em relação ao que acabaste de escrever, sinto que poderia fazer um grande comentário dotado de boas afirmações mas não consigo. Porque me identifico tanto com o que escreveste que analisá-lo seria de certa forma apoderar-me daquilo que é é teu e neste caso presume-se intimo. E porque me levaste e uma retrospectiva de muito que ja se passou. E disseste tanto...
Bom texto ****

11:47 da tarde  
Blogger k8tye said...

Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

5:42 da tarde  
Blogger k8tye said...

marta.... fico contente que tenhas deixado a tua opiniao.... agradeço imenso o tempo que "perdeste" ao comentar este texto... até porque me fizeste pensar..."Acredito tamb�m que algumas pessoas t�m um lado "secreto" da personalidade e que muitas vezes s�o acusadas de falta de sinceridade por n�o o revelarem..." Concordo!! e confirmo que cada vez mais os problemas residem na falta de comunicação... Nem sempre resolve, mas ajuda muito, falar...

Skiro, sempre benvindo... obrigada mais uma vez... escreveste pouco, mas disseste-me tanto :)

****

5:44 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Sem metáforas.
Somos todos. Eu estou lá, em parte pelo menos. Mais curioso ainda, estou dos dois lados da paliçada. Sou o magoado, sou quem magoa, sou o que chora e o que ri, o que se aproxima, e o que afasta quem se aproxima, o que confia e o que não se mostra.
Eu sou o texto.
E a almofadinha, e a kathleen, e a claudia, e a ana, e o skiro, e todos quanto leram, e muitos dos que não leram.
É que, desengane-se quem pensa que não há duas pessoas iguais... porque no essencial, somos "farinha do mesmo saco", para o bem e para o mal, somos todos a mesma merda.
E por isso vamos viver o que está aqui, e vamos ver os nossos amigos a vivê-lo, uma e outra vez, com ligeiras diferenças.
O Homem é um ser mau na sua essência, há é alguns que tentam disfarçar isso...
E a felicidade nos filmes chega sempre na última cena, e são filmes... fará na vida real.
Venha a próxima cena, e que não terminemos todos em produção independente!

Assinado: camilo (que se esqueceu da merda da password, mas assume as suas posições, mesmo as mais extremistas e contra-corrente)

3:48 da manhã  
Blogger .anna. said...

(foi o último bocadinho a italico que me tirou o folego, que me arrancou o chão, que me emuteceu....gostei muito*)

1:05 da tarde  

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