quinta-feira, junho 30, 2005

a longa conversa de marinheiros....

Num dia como outro qualquer, uma conversa surge e desenrola-se por sentidos de uma metafora...
M- Se pensarmos num barco podemos elaborar uma metafora de forma genial...
C- Hum...
M- Um barco deixa um porto seguro e parte numa viagem, deixando tudo para trás. Talvez a vontade de voltar ao porto seja maior que a de continuar, mas resiste-se. Obrigas-te a esquecer o k construiste nesse porto..
C- pois...
M- deixas la a pele, pedaços de carne ...e até mesmo as recordaçoes se for preciso, para mais tarde não as teres de apagar porque te lembram coisas tristes...porque não ouviste mais falar de quem la deixaste na ilha...e isso traz-te mágoa..
C- pois...
M- Se deixares uma ancora não vais longe, talvez nem chegues a sair da ilha... mas recolher a ancora e ver o barco partir é uma escolha com um peso enorme...
C-não é nada facil...
M- o pior ainda, é ver o barco partir.....e não te permitires fazer adeus...porque é doloroso demais. Bem sei que é sempre mais facil pensar que seguir naquele barco é o que tem de ser....e não vale olhar para trás...
C- ...mas lembra-te que os barcos não foram feitos para estar em nenhum porto seguro... os barcos foram feitos para navegar..e chegam ao seu destino ou naufragam..
M- Então qual o sentido de um porto?
C- O porto pode ter vários significados. Pode ser O ULTIMO PORTO, akele a que se chega e não há mais necessidade de avançar, pode ser um porto de paragem para repensar...
M-... ou apenas mais 1 lugar para descansar e arrancar
C-...ou pode ser o porto onde o "barkeiro" tem a sua casa..onde fica na duvida em se fazer ao mar ou nao...
M- Em tempos acontecia-me avistar um barco quando apenas procurava por uma paisagem que me tranquilizasse! (É sempre assim quando se procura algo...aparece quando menos esperamos...)
C- hum...
M-Observava esse barco de longe e via-o sorrir, tentando convencer o quão bela era a pessoa que sorria também...! Prometia paisagens bonitas, rumo a um porto seguro, numa viagem ideal. Mas, as pessoas tinham medo. Custava-lhes imaginar que este se podia encontrar furado. Atormentava-lhes pensar que podiam não conseguir sobreviver....todavia, é nesse barco que se imaginavam...!
C- Que barco é esse?
M- O barco que domina as aguas violentas onde navega e por isso, seduz e convence as pessoas, a serem levadas pelas ondas que ele cria, pela água que ele transforma em fogo. O barco que é tentador e capaz de absorver quem se aproxima.
C-... hum...
M- Embora com medo, algumas pessoas cediam e embarcavam . Seguravam o medo e a esperança em cada uma das mãos! A viagem tendia a correr bem no inicio, o barco mostrava sempre que navegava feliz, até se perder um dos remos
C- (boa metafora a dos remos, partindo do principio q ha 2)
M- Depois , envoltas em algo em que acreditavam, reuniam todas as forças para apenas com um remo conseguir uma boa viagem. Nunca pensavam perde-lo e agarravam-se a ele como única força para prosseguir...mas quando o perdiam, a situação descontrolava-se, e todo o imenso mar que os rodeava obrigava-os a não sair dali, a aceitar o que o vento trouxesse. Custava-lhes abandonar o barco e atirarem-se á água, esperando que outro barco partisse em sua salvação...ou que este barco se apercebesse do que deixou para trás e regressasse...podiam até ficar para sempre nas aguas frias do mar sem que aparecesse alguém...mas nada mais havia a fazer, senão esperar...porque uma viagem neste barco apenas se esquece com outra viagem!
C-...engraçado como mudaste. Acualmente ainda nunca te ouvi dizer "eskecer o Y, so c outro"e nessa altura pensavas nisso...
M- Embora saiba que é a lei da vida, não consigo aplica-lo a mim
C- mas no teu caso, ainda nem saltaste para a agua...ou melhor ainda nem saiste do porto...
M- Sim, em tempos, ainda estava no porto... e via pessoas em viagens constantes nesse barco...e se para elas o que pesava era saltarem ou não do barco...para mim sair ou não do porto era crucial...
C- (mais uma vez a mesma palavra....POIS!)
M- e qd sai... tudo se passou comigo como com aqueles que vi em tempos...! Hoje, sou como eles...estou no barco a olhar para a agua à espera de coragem para saltar...
C- ... ha varios barcos...com varios rumos...mas sinto que nunca mais kero ser passageiro...KERO SER CAPITAO e kem kiser EMBARKE NO MEU BARCO COM O MEU RUMO..
M- Mas...uma viagem n devia ser boa para todos os passageiros? Não devia ser a paixao o capitao do barco?E não haver kem queira impor um rumo...?
C- Claro. Mas para isso é preciso não haver capitães...e se tu tavas no porto...e viste um barco a andar, alguém o devia tar a comandar
M-...a paixao! ...e la dentro vinha alguem tao livre quanto eu...que se pos ao dispor da paixao e foi para onde ela o levou...
C- entao essa pessoa pos-se ao dispor mesmo sem saber com quem?ou pensou em ti? Embarcou no barco e depois foi a tua procura?
M-nao sei ..mas do que falo é de predisposiçao para qualquer koisa, que no fundo é o motor para tudo...! Quem sabe se cada pessoa é uma ilha...tu observas uma que te interesse e decides ou não apanhar o barco...
C- pois pois pois...Entao...pode tudo ser assim...mas também pode acontecer que esse alguém, depois de estar no barco, enjoe e queira voltar para terra...voltar para um veiculo sem ondas, sem altos e baixos, menos emocionante mas quiça, mais seguro...
M-Agora sou eu que digo, Pois!!
C- Ou talvez ele so navegue quando ve terra... qd começa a entrar muito no mar, salta, porque tem medo...
M- Se calhar...ha pessoas assim...c medo de mar...
C- com medo...de Amar
M- ou isso...
C- ..mas para certos mares revoltos, não ha tabua de salvaçao e acabamos mesmo a andar na prancha...


* a falar do nada, entendemos melhor o tudo...sempre bons estes bocadinhos....;)

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Como me disseste nem há um minuto atrás... "Agora só falta dizeres que não comentas porque és um dos intervenientes da conversa"...
E na prática é isso...
Uma conversa do nada, na procura de metáforas, em que ao fim ao cabo cada um de nós foi "deitando" as suas metáforas fora, contrapondo as metáforas do outro, sem que nunca falássemos directamente do que queríamos dizer com as metáforas (mas sabemos PERFEITAMENTE o que era...).
Não posso comentar o post porque (e permite-me isto), o sinto um pouco meu também, e os meus posts, nunca os comento, porque isso cabe às outras pessoas.
Posso no entanto dizer, que estas conversas são de facto de "iluminação", e que tê-las contigo, faz com que falar de coisas que até são dolorosas lembrar noutras situações, sejam aqui faladas com mais naturalidade. E no fim, quando fico um pouco mais "ciente", fico também um pouco mais aliviado...
É que Mónica, nós dois somos também metáforas, e ao tentar compreender a tua, compreendo melhor a minha! ;)
Até à próxima conversa, amiguinha :P

...

Vou fazer-me ao mar! No meu barco!

4:05 da manhã  

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