sábado, fevereiro 18, 2006

Como se ainda fosse a tempo...

Laura encontrava-o todos os dias no ginásio. E todos os dias o olhava com desejo, como quem persegue algo que nunca poderá ter…
Pedro escondia-se. Não queria dar-se a conhecer, com medo de se perder. Transmitia uma imagem fria, altiva, de quem sabe exactamente o que quer e gosta de jogar pelo seguro.
Para Pedro, Laura não era quem esperava…embora já não esperasse ninguém…
Mas Laura insistia. Julgava-se capaz de o cativar…
Alguns dias passaram até que chegassem a falar. Depois disso não conseguiram ficar sem se ver. Passavam mais de metade do dia juntos e aos poucos foram descobrindo os encantos um do outro… aquelas pequenas coisas que não são acessíveis a todos os olhares. Mesmo assim, disfarçavam perante os demais. E ao longe, sentiam-se, naquela cumplicidade de quem beija sem tocar os lábios.
… Havia vontade… havia o sublime terror de sentir as coisas fugirem do seu controle. E havia medo. Que apesar de tudo, não os deixava parar.
Laura gostava de o provocar, de o deixar louco de desejo e de o observar de perto… Gostava de falar das suas fantasias e de ansiar que o prazer voltasse a ser repetido…
Adormecia. Sonhava. Acordava de noite. Sentia…
Abria os olhos. Tentava continuar a sonhar. Desejava…
Pedro parecia ter esquecido que a aliança que Laura trazia no dedo o incomodava…Ás vezes lembrava-se das palavras dela: "percebi que gosto dele" e pensava em voltar atrás, mas a sedução confundia-lhe a razão, os pontos de vista… Em vez disso, lembrava-se que tinha um corpo e sentia-se vivo… deixando que as suas dúvidas se derretessem na boca dela.
Acordava. Pensava… Nela! Queria…
Não sabia o que lhe estava a acontecer. Enlouquecia…
E depois de tudo... Depois de pensarem nas hipóteses. Depois de imaginarem as coisas diferentes, continuavam ali… naquele jogo perigoso, que implica a morte de alguém e os transforma em monstros…
Pedro sabe que nunca a terá só para ele, mas só sofre quando pensa nisso. E então prefere não pensar. Ás vezes gostava de mudar o rumo das coisas… (Como se ainda fosse a tempo…)
Mas depois deixa-se levar…
Sabe que há infinitas maneiras de morrer…e ele prefere faze-lo…devagarinho!

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

"Ha infinitas maneiras de morrer", assim como ha infinitas maneiras de viver, cada um faz as suas escolhas ansiando sp pelo melhor.Contudo, nem sp a "lentidao" traz menos dor, pelo contrario, por vezes mais vale fazer como se de um penso rapido se tratasse e arranca-lo de uma so vez...Fi#15

10:52 da tarde  

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