Apeteces-me
Falavas das férias e dos projectos futuros. Eu ouvia-te com atenção...mas a minha cabeça vagueava em desejos...
Hoje apetecia-me dar-te todas as alegrias que te falei. Apetecia-me receber todos os abraços que semeei. Apetecia-me dizer-te, sem pudor, que estarei desnuda à tua espera. Ausente de máscaras e perfumes, acessórios ou trapos.
Hoje apetecia-me mostrar que não sou fria como a porcelana que me envolve. Fechar os olhos e beijar-te, sem pensar nas marcas que podem ficar, para lá dos lábios.
Hoje, apetecia-me que me provocasses. Que fizesses tudo para que me sentisse viva por dentro. Podia ser marcada, vincada, usada ou ferida, mas apetecia-me ser sentida... e sentir-te.
Depois levantaste-te. Ausentaste-te por uns minutos.
Eu, rasguei um pouco da minha saia. E ali escrevi os sussurros do meu corpo. Pedaço de pano, que outrora fora parte de um prazer de ambos, servia agora de papel.
Coloquei-o, disfarçadamente, ao lado das tuas chaves de casa....e ansiei que voltasses.
Sentaste-te a meu lado e leste o bilhete que te deixei. Sorriste. Seguraste a minha mão e saimos juntos dali.
"Apeteces-me! Hoje serei tua...se me quiseres."
posted by k8tye at terça-feira, setembro 27, 2005
1 Comments:
Gostei deste texto, porque está diferente do habitual (e apesar do "habitual" ser bom, é sempre bom variar também)...
Sensual...
Livre de pudores ou considerações...
Um texto em que se age mais do que aquilo que se pensa...
Sem que de facto aconteça nada, há um confirmar dos desejos, uma afirmação simples... "Quero-te!".
Quantas vezes na vida não nos encontrámos já em situações que é de facto necessário pensar, pesar os prós e os contras, acabando por ficar parados, sem agir?
Por isto tudo, é bom por vezes deixarmos que as coisas aconteçam... porque às vezes têm mesmo que acontecer, e porque outras, simplesmente, nos apetece que aconteçam...
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