sábado, setembro 03, 2005

Estava demasiado cheia de tudo...

Abro uma fenda no espaço e corro atrás do tempo. Sinto que carrego um corpo que inevitavelmente quer sorrir.
A minha face, a minha mente ...tudo o que me lembro, senti....tudo o que sei... vai comigo!... Mas eu não sou a mesma!
Dispo-me de tudo aquilo que deixa o coração apertado e faz com que a lágrima teime em cair. O silêncio já não me castiga. Deixo-me levar, enquanto sinto pertencer, ao que me toca o corpo.
Largo os gestos grosseiros de outros tempos.
Entrego-me à terra, que com prazer me acaricia...
Sou assim...agora e por tempo indefinido...

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Gostei da primeira frase, da ideia de correr atrás do tempo... porque se só se "corre" atrás daquilo que se tem pressa em atingir, aqui corre-se atrás do tempo, da calma, da certeza...
Contudo a personagem tem o desejo de sorrir, de ser feliz, mas a expressão "sinto que carrego um corpo" dá a noção de ser um peso difícil de carregar. Ou seja... ou é difícil ser feliz... ou é difícil voltar a desejar ser feliz!
A personagem lembra-se de tudo o que já passou, e isso modificou-a, daí não ser a mesma...
Apesar de se lembrar do passado, despe-se do que a fez sofrer, já não tendo medo do silêncio, esse amigo do pensamento, e por isso mesmo, às vezes amigo do sofrimento... A última frase mostra que a personagem se deixa levar, sem que pense muito, àquilo que lhe toca o corpo, e que voltando atrás, poderá ser aquilo que a pode fazer feliz. Ou que ela quer que a faça feliz.
Hmmm, o que serão os gestos grosseiros? Será a parede que impede que as pessoas se aproximem?
E a terra? Será alguém? Ou será a consciência (o ter os pés assentes na terra)?
E se a personagem é assim por tempo indefinido? Será que quer dizer que está bem assim? Ou que não consegue estar de outra maneira?

PS: Fico à espera de respostas...
PS2: Prazer voltar a comentar os teus textos. Acho que a pouco e pouco começo a ser capaz de voltar a escrever. :P

9:42 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Um texto bem escrito. A escrita deve ser sentida. Pelo menos quando não é pornografia de caneta por uma sobrevivência efémera. É poesia quando se sente e se quer dizer que se sente. Há uma catarse inevitável nas letras que se agarram à alma. A construção desta prosa poética está bem delineada. Levemente fragilizada por algumas ideias que podiam ser melhor encadeadas. Uma crítica sobejamente subjectiva, já que o sentido de quem lê nunca é, e pode ser, o de quem sente. Que nos valha a obra aberta de cada obra que se encerra nas nossas palavras.

3:32 da tarde  

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