segunda-feira, agosto 01, 2005

o melhor dos meus erros

Naquele dia, passeavam os dois pela praia em silencio. Era final de Agosto. Havia muita gente na cidade, mas áquela hora, a praia estava deserta. Na areia iam ficando as marcas de um casal apaixonado. Nos rostos, o sorriso dos olhos. Na mente, a consciencia do futuro peso daquele dia.
Tão bom, encontrar um espaço para se resguardar- pensava ele, sem lhe dizer nada!
Sempre acreditou que viveria o seu amor em pleno, que um dia soltar-se-ia das amarras e se entregaria por completo. Acreditava que esse dia tinha chegado.
Gostava muito da companhia dela. Sentia-se bem sempre que se olhavam ou falavam. Apetecia-lhe fazer maluquices só para a agradar...só para mostrar que a queria. Ouvia-a mesmo quando ela não falava e prontificava-se a resolver qualquer um dos seus caprichos.
Naquele dia andaram muito. Ela tinha vontade de passear com ele. Não queria deixar de sentir a sua mão a tocar na dela. Há muito que se encontravam e sentiam que tinha de ser dado um passo mais importante. Mas, ela tinha medo de se dar demais, de se perder no que tinha para dar... e então agarrava com força tudo o que recebia.

Naquele dia, passeavam em silencio. Cada um tinha vontade de explodir e de ali mesmo declarar o seu amor...mas olhavam-se e sorriam...sabiam que não precisavam falar...
Ele pensava saber o que fazer, só não sabia como. Ela não sabia nada, mas sentia muito.
Pararam de andar. Sentaram-se junto á agua, deixando que esta lhes molhasse os pés. Ela, mexeu os lábios para dizer qualquer coisa, mas as palavras faltaram-lhe... Ele, sorriu-lhe...fazendo aquelas covinhas que ela adorava. Ela, sentiu-se confiante e disse-lhe :
- Pudesse eu ser o refúgio de um abraço teu, de um toque teu, de uma palavra tua. Pudesse eu ser o cantinho que desejas e aguardas diariamente. Pudesse eu ser o gesto que desejas e te arrepia... e sentir-me-ia feliz...
Ele voltou a olha-la, desta vez... bem fundo dos seus olhos...
- Eu não tenho certezas de nada. Estou a deixar levar-me...- mentia ele.
- Eu também não...só sei que onde estiveres é onde quero estar...onde fores é onde quero ir...
Ele sorriu, reconhecendo aquelas palavras... Depois, olhou-a mais uma vez, pedindo um beijo. Ela beijou-o.
Ele acompanhou-a a casa nesse dia. Ela, pediu que ele ficasse com ela. Ele, beijou-a dizendo que sim. Não conseguiam ficar longe um do outro.
Ele adormeceu primeiro, abraçado a ela.
Ela, olhava-o a dormir. Ouvia-o com carinho a respirar num sono tranquilo e sussurrou-lhe ao ouvido:
- Enquanto sinto o sol a bater na minha cabeça, volto a aninhar-me na tua sombra. E será sempre assim...enquanto quiseres!!
Beijou-lhe a testa e adormeceu... junto a ele...segura!

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Este texto segue um caminho engraçado. Não é um texto daqueles em que se estabelece uma diferença entre duas personalidades opostas, como noutros textos. Neste texto, os dois "amantes" têm mais semelhanças do que diferenças, na minha opinião.
Nota-se que nenhum deles está a entregar-se talvez como queria, porque alguma coisa os impede, mas têm qualquer um deles se entrega o máximo que consegue.
Para os dois, nota-se que isto é o ponto em que recebem tudo o que querem e dão tudo o que têm, e isso faz com que queiram que aquele momento se prolongue para sempre, com que nunca se queiram ir embora, ou melhor ainda, que nunca se queiram separar.
É um daqueles momentos que faz com que uma coisa valha (ou tenha valido) a pena, porque de tão raro, será sempre inesquecívelmente bom!
Gosto das duas vezes em que ela se "liberta" e diz o que sente, uma vez na praia e outra já no querto enquanto ele dorme.
Na primeira, expl~rime o desejo de ser ela aquilo que ele quer. Enquanto dorme, é ela que diz que para ela, ele é aquilo que ela quer ser para ele também.
Bom texto, um beijo grande***

3:58 da tarde  

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