sexta-feira, agosto 19, 2005

esperança

Saiu á rua. Uma rua sem nome. Viu a paisagem que conhece de cor...
Um caminho de terra batida onde as folhas repousam. Uma árvore despida, que estica os seus ramos, o mais que pode, para poder dançar, ao som do vento que não vem. Um chão que se abre sempre que ouve o eco da dor das raizes. Um deserto. Uma semente lançada á terra, esperando a chuva que a faça brotar do vazio. Um lago que ainda guarda as últimas gotas de água, abraçando os peixes, as algas, e as plantas...os ultimos resistentes que adormecem quando ele sussurra. Um grilo ainda canta a serenata da noite, chamando o amor...
Uma estação que espera apenas a passagem de um comboio. Um baloiço abandonado pela eternidade do silencio. Uma imagem perdida no escuro. Uma sombra de um corpo. Um adeus que anseia sempre o dia seguinte.
Deitou-se no chão... e mais uma vez, era parte dessa paisagem. Era quem mantinha a recordação contante...era o rosto que chorou toda a agua do rio e mesmo assim, insistia em espreitar pela janela entreaberta daquela casa fantasma.
Os relógios mantinham-se parados. Os ponteiros presos a uma hora que um dia já foi hora. Uma cidade que todos os dias nasce no nada. Uma cidade em que se espera um dia, como quem espera por um comboio que teima em não chegar. Uma cidade deserta, mas mortal e presente como a vida! Não existe tempo. O Tempo, aqui, não trás nada de novo...talvez um dia...
Por isso a cidade chama-se: Esperança...