terça-feira, outubro 04, 2005

Em mudanças

Num daqueles dias em que me deixava deitada na minha cama a olhar o tecto, percebi que teimava com a vida... Percebi que durante muitos anos, quis tudo à minha maneira e não deixei a minha mente aberta para outras possibilidades.
Tantas vezes teimei, tantas vezes perdi e tantas vezes deixei escapar a lição que a vida me queria ensinar.
Nesse dia percebi...Preciso mudar!... E seja o que for que se queira mudar...é sempre legitimo, desde que haja essa necessidade.
No entanto, nem sempre há força para tal. É sempre doloroso o período de mutação. Cortar os hábitos e os vícios de sempre... não deve ser de um dia para o outro. Leva anos. A isso chama-se viver e apreender. Passar a vida a encontrar o melhor de nós... ou a melhor forma de nos protegermos e nos solidificarmos... é um processo longo e exigente...
Passei anos a dizer que havia urgência em alterar... os meus péssimos hábitos, vícios e principalmente a mania de me pôr sempre para último plano. Mas quase nunca alterei o quer que seja. Quanto mais me desiludia, mais me irritava. Quanto mais me irritava, ainda mais tentava mudar e ...nada! Nada mudava.
No entanto, este processo de mentalização não foi em vão. Um dia, passado muitos anos, tudo estava mudado. Incluindo eu. Sempre que me obriguei, não senti progressos. Mas passado todo este tempo, olho para mim e não sou a mesma. Empacotei todas as memórias, carreguei o camião com tudo o que queria levar comigo e deixei para trás o que me pesava.
Hoje, arrumo a casa para qual me mudei. Sei que estou menos crente, um pouco mais desconfiada e ponderada, mas sobretudo mais descontraida.
Cuido de mim. Não choro o que passou, porque aprecio o que fez de mim. Tenho mais cuidado com as palavras que utilizo e já consigo calar-me e não dizer o que magoa mais...
Percebi que o nosso umbigo é uma cicatriz universal e que todos temos um... Percebi que nem sempre preciso falar para ser ouvida...e por isso, nem sempre permaneço onde gostavam. Acredito que nos sentimos sempre mais alguém quando alguém nos ama, mas hoje em dia é a minha vontade que me move e a minha paixão (por mim) que me enaltece. Existe um egoismo inerente a todos... e eu percebi que também tenho de o saber utilizar a meu favor. Rodeio-me do que me é essencial e não perco tempo a perceber porque não me compreendem..
Por vezes, doi-me não cultivar mais o que me dão. Mas há que separar o trigo do joio. E é do meu trigo que agora vou cuidar...
Mas no fundo sei que a minha essência não me abandona...E ainda bem que assim é, pois tal como alguém me disse um dia... "É bom também sabermos que ainda há quem nos reconheça."

1 Comments:

Blogger camilo said...

Um texto bastante directo (mais um), sem grandes artifícios, mas ainda asim comentável...
A verdade é que aquilo que somos é muito do que nos fizeram ,e somos talhados, à medida que a vida fácil, por várias pessoas e acontecimentos...
Sabemos bem que há pessoas que se entregam demais, se mostram totalmente, se sacrificam para outros. Sabemos também que tipicamente, são essas pessoas que acabam por se magoar...
É assim não uma necessidade, mas mais algo que acontece naturamlmente, existir uma "clausura" em si mesmo, não necessáriamente má!
"Se não gostar de mim, quem gostará?" diz o anúncio (não sei bem a que produto), mas é bem verdade.
Há a necessidade de nos amarmos a nós mesmos, de nos preocuparmos conosco. Não só, mas também...
É que uma pessoa que está bem consigo, está mais fácilmente~bem com os outros...
Há alturas que o caminho tem mesmo que ser trilhado sozinho! Se é isso que se passa, boa sorte! ;)

5:03 da tarde  

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