Falamos demais. Reclamamos demais. E exigimos de menos de nós mesmos.
Somos pequenos. Somos do tamanho que der menos trabalho.
Gostamos que nos oiçam, que nos cedam atenção. Mas quando chega a altura de ouvir, estamos muito ocupados ou com pouca paciência para “aturar certas merdas”.
Gostamos de coisas dadas. Corremos e arregalamos os olhos para chegar primeiro. Passamos por cima de quem quer que seja (não queremos correr o risco de não chegar para nós). Mas o saber estar e respeitar, esse, rasga-nos a pele e perfura-nos o estômago.
Somos pequeninos e gostamos disso.
Para quê mudar?
Gostamos de ter razão. Faz-nos sentir bem. E para quê aprender com os outros, se estamos bem assim? "Para isso teria de discutir, e é melhor não entrar em discussões, para não me chatear”. Mas quando elas acontecem sem nos apercebermos, saímos de fininho. “É melhor nem tentar perceber. Há-de vir alguém dizer-me o que tenho de fazer. Há-de vir alguém fazer por mim.”
Gostamos do caminho mais fácil. E sorrimos contentes porque nem foi preciso conquistar.
Adiamos tudo até a ultima. E quando chega a véspera, fazemos à pressa. “Podia estar melhor, mas vai mesmo assim”. Para quê esforçar um bocadinho mais, se conseguimos “safar”?
E falamos. Reclamamos. Mas deixamos os planos na mesa do café.
Quando nos levantamos, somos pequeninos. Por dentro.
Queremos que o mundo mude, mas pela mão do outro.
E rejeitamos quem tem vontade, quem não se contenta, quem se revolta, quem quer fazer sempre mais qualquer coisa. Vemos sempre complicação, onde outros vêm vontade. Vemos sempre perdas de tempo, onde outros vêm engrandecimento.
É mais bonito mostrar que somos simpáticos e descontraídos, para no fundo não verem o quão vazios somos.
Somos pequeninos. E gostamos disso.