À hora marcada....(parte 1)
- Bom dia Senhora Carolina. Queira por favor deitar-se nessa cadeira, enquanto eu acabo de preencher uns dados na sua ficha.
A mulher ficou de pé. Com os olhos semi-cerrados, olhava para o homem que se encontrava à sua frente e tentava perceber o que fazia naquele consultório.
- Senhora Carolina, é muito importante que se sinta em casa. Tente fazer um esforço para descontrair e deite-se na cadeira.
Ela obedeceu finalmente. Enquanto ele falava, ainda com os olhos nos papeis:
- Com estes dias tão cinzentos, parece que anda tudo mais infeliz, não lhe parece?
Carolina ficou calada. Olhava o tecto e brincava com as costuras da saia que trazia.
Ele levantou-se da secretária e aproximou-se dela. A sua voz tornou-se um pouco mais baixa para lhe transmitir um sinal amigável.
- Quer contar-me como se sente?
- .. Com vontade de gritar...- respondeu ela com uma voz tremida, embargada por umas lágrimas que ameaçavam cair.
Mas Carolina controlou-se. Já não se lembra da última vez que deixou transparecer sentimentos. Já não se lembra de quando acreditava neles com toda a sua força.
-Grite! - disse ele de imediato.
Carolina fechou os olhos e sacudiu a cabeça.
- Gritar faz bem... ainda que pense que não.
Ela ficou calada. Tentando, como sempre, que as palavras ecoassem para dentro.
-Vamos... diga lá o que a preocupa...- insisitiu ele.
-... As minhas palavras costumam bater em paredes de alma vazias.. não me vejo com força para voltar acreditar que o contrário possa acontecer...
- Por vezes, um eco pode ser uma resposta. Vá, concentre-se e diga-me exactamente o que sente.
Só se ouvia silêncio... e uma respiração funda que guardava um lamento.
Ele continuou...
- Repare, se gritamos para dentro a única pessoa que nos ouve somos nós mesmos... e nem sempre depende de nós a resolução de algum problema que nos envolva...
-...Sim, eu sei ...talvez seja mesmo isso...os meus ecos reflectem medos... complexos... e para mim, não são fáceis de entoar para todos ouvirem... porque sei que me vou pôr a descoberto... e disso, eu já n sou capaz...
- Consigo perceber que está defensiva... e desculpe-me a pergunta, mas... do que se defende?
Ela voltou a ficar calada...
2 Comments:
resolvi publicar este comment...porque estes especialmente sao sempre benvindos..."Em altas! Grande texto sim senhora, prima pela simplicidade
... poix é, infelixmente a Carolina n é a unica pexoa a gritar para dentro; embora acredite k no fundo (bem no fundo) todos saibamos k se falaxemos td seria mais facil, a vdd é k nem sp conseguimos ser e faxer o k realmente gstariamos... felixmente existem ainda algumas, poucas, pexoas k conseguem ter tempo, atenção e dedicação suficiente p nos conseguir perceber, ajudar e confortar mm sem precisarmos de falar..."
#15
Que pena tenho eu que as pessoas ás vezes não façam pelas outras gestos simples, que sabem que mesmo simples as deixam mais felizes...
Que pena tenho eu por me ter baldado a comentar este texto que sei que a autora gostaria (como todos gostamos nos nossos textos) de ver comentado... mas isso acaba aqui... ;)
Falando do texto... é um texto introdutório, oo primeiro de uma "saga" que se adivinha, até porque deu já para ver que um texto com esta "Carolina" não pode nunca ser resolvido com facilidade...
A Carolina precisa de muitos capítulos, porque se adivinha já que não é de fácil compreensão. Porque se vê que se fecha, talvez por já ter sofrido ou, como se adivinha na frase em itálico, porque sempre que tenta falar percebe que não a compreendem.
Vamos lá ver que voltas dá a Carolina! ;)
Como preciosismo, nota que no final trocas um "Não" por um "n", como no msn... não faz grande mal, mas fica feio, portanto muda lá isso!
Beijocas***
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