Maria era uma puta com classe! Isto foi uma coisa que sempre a caracterizou toda a vida. Não ser puta, mas ter classe.
Conheci-a ainda não era puta. Foi numa discoteca da moda em Lisboa. Tinha ido lá a uma festa de anos. Foi o que nos safou a entrada, a mim e aos meus amigos. Essa festa tinha montes de gajas, e foi assim que os porteiros se desviaram com um “boa noite”, deixando-nos entrar.
Claro que àquela hora, as gajas, umas atinadinhas do caraças, nem vê-las, já todas tinham ido para casa sem que ninguém lhes tocasse. E eu, e mais 3 bêbedos como eu, éramos os únicos sobreviventes do grupo. Ou semi-sobreviventes, porque estava fodido manter as funções vitais todas a funcionar.
A Maria era daquele tipo de mulheres com quem nunca me meto em discotecas. São as primeiras em quem reparo, mas nem sequer tento. Loira, com quase 1,80 metros, um par de mamas grandes e firmes e um rabo dos que gosto, bem durinhos (pelo menos aparentava), penso logo “esta não é para mim”. Mas naquela noite estávamos todos tão lixados que nem pensei 2 vezes, principalmente quando começaram a dizer “Olha que a gaja está a olhar para ti pá.”.
Não sei como foi a conversa, não me lembro. Sei que costumo ter lábia, principalmente com gajas suficientemente inteligentes para perceberem as minhas piadas, e suficientemente burras para não perceberem que não têm tanta piada assim. Sei também, desde aquela noite, que quando estou inconsciente com a vodka, devo ter uma lábia muito melhor, porque acabei na zona do parque das nações, numa casa que ela partilhava com mais 3 amigas da faculdade.
Se não me lembro da conversa, nem nunca percebi bem como consegui conduzir até lá (ou terá sido ela?), lembro-me bem da queca. Que tesão! Dois pratos com qualidade de 10, que acabaram num jorro que quase fazia lembrar uma fonte, quase 3 horas depois. 3 Horas sem me vir! Percebi bem porque me tinha um amigo aconselhado a foder com os copos…
Claro que estava morto quando acabou, e no outro dia eram quase 8 da noite quando acordei, com uma puta duma ressaca que quase me impedia de abrir os olhos, e sem força no corpo todo!
Encontrei-a na sala a ver o telejornal. Perguntou-me se queria torradas, e mandou-me vestir pelo menos os boxers.
- Já viste se alguma amiga minha estivesse em casa e visse um desconhecido a passear com essa merda a abanar dum lado para o outro?
- Olha foda-se, juntava-se à festa!
- Porco! – E riu-se!
Depois de me vestir sentei-me ao lado dela. Só então reparei naqueles olhos verdes! Epá, se há coisa que me intimida é uma gaja com olhos mais bonitos que os meus! Sempre gostei de ver, mas por coincidência ou não, as minhas ex-namoradas todas tinham olhos castanhos. Bonitos, todos, mas relativamente vulgares.
Eu explico: os meus olhos sempre foram o bastião maior da minha auto-confiança. Mesmo quando era puto e tinha a cara cheia de borbulhas e nenhuma miúda olhava para mim, sempre tive essa escapa. Feio p’ra caralho, mas com uns olhos de fazer inveja. Por isso é que uma gaja com olhos mais bonitos que eu, sempre foi assustadora.
Falámos pouco. Assentiu com a cabeça quando perguntei se tinha gostado (a pergunta típica de um auto-confiante que gosta de ser elogiado), fiquei a saber o nome completo dela, que esqueci, e vim-me embora, sem sequer pedir o número de telemóvel. É meio estranho quando a foda vem antes do primeiro café.
Logo no dia seguinte tive vontade de ir à procura dela. Mas achei que aparecer lá sem avisar era de mau tom. Ainda voltei 3 ou 4 vezes à discoteca onde a tinha conhecido mas nada. Uma vez em que não me deixaram entrar fiquei à porta a noite toda a falar com um junkie que arrumava carros só para ver se ela saía mas não tive sorte nenhuma. Até que um dia, passado 5 meses em que só comi pratos fracos, e desesperado por uma refeição como devia ser, voltei ao prédio. Depois de 10 minutos a tocar à porta, um vizinho disse-me que a casa era alugada, e que devia falar com a dona.
Era uma velha que vivia no rés-do-chão. Disse-me que “as meninas se tinham mudado mal acabaram o curso, não sei para onde. E ainda bem, porque aquilo era uma vergonha, era uma roda-viva de rapazes a entrar e a sair.” Não tinha paciência para moralismos de merda. A julgar pela fotografia que tinha numa mesa à entrada, o marido da velha tinha sido da marinha, e a puta da velha, que devia ter passado a vida a corná-lo sempre que ele ia para uma viagem mais longa, agora estava ali com lições. Nem me despedi, virei costas e vim-me embora, ouvindo “malcriadão” atrás de mim, acompanhando o barulho de uma porta a fechar.
Assim se passaram mais dois meses, mas sem que nunca me esquecesse do corpo ou dos olhos da Maria.
Voltei a encontrá-la no centro comercial do Saldanha. Foi aí, durante o almoço, o café, e 5 cigarros, que me contou que era puta. Mas puta da alta sociedade, daquelas pagas a peso de ouro. E que merecia cada cêntimo. Acreditava nisso. E não a julguei. Se fosse mulher e tivesse um aspecto daqueles fazia a mesma coisa. Maria era paga para fazer aquilo que mais gostava, e evitava o dia passado à secretária a que o curso dela obrigava. E levantar cedo, e ser mal paga. Maria tinha feito uma boa escolha.
Nessa noite ela disse-me que tinha que “trabalhar”, portanto trocámos números de telemóvel (parvo, mas só uma vez), e combinámos que lhe ligaria no dia seguinte.
Só que por causa daquele almoço mais demorado, o meu patrão, um cromo de merda, daqueles que são gozados todos os dias quando andam na secundária, veio-me chatear a cabeça mais uma vez, porque ainda não tinha chegado a horas de manhã naquela semana, e agora até ao almoço me atrasava. E eu passei-me e dei-lhe uns murros nos cornos. E fui despedido. E mandei aquilo tudo para a puta que o parisse, e vim-me embora.
Essa noite apanhei uma bebedeira do caralho, e só me lembrei da Maria dois dias depois.
Quando lhe liguei perguntou-me se me estava a fazer difícil ao fazê-la esperar pelo telefonema, mas riu-se muito quando lhe contei a história, e disso que como se sentia culpada, a única maneira de me compensar era pagar-me um almoço. No dia seguinte, no Saldanha outra vez.
O almoço prolongou-se para o lanche, e acabou connosco a irmos para um restaurante no Bairro Alto, depois de ela ter desmarcado um cliente para aquela noite, dizendo que tinha dor de dentes.
Foi assim que conheci a casa nova da Maria, uma vivenda na zona de Cascais. E foi ali que dei a melhor foda que alguma vez tinha dado na minha vida até aí.
Começou com uma massagem bem lenta pelo corpo todo, com uns óleos que, segundo ela, tinham sido trazidos de uma viagem à Índia.
A massagem evoluiu para beijos nas costas, e no pescoço.
Virando-a de costas para baixo, comecei a beijá-la na boca, enquanto o meu corpo deslizava para cima do dela, e a minha mão direita a acariciava nas mamas. Passei então para o pescoço, que lambi, beijei e mordi, enquanto a minha mão deslizava pelo corpo dela, desapertando-lhe as calças, acariciando-a no sexo. Ao mesmo tempo ela já tinha o meu pénis na mão. E eu estava já com um pau do caraças, claro!
Despi-lhe as calças, começando a descer os meus lábios pelo seu corpo. Lambi-lhe os bicos das mamas, chupando-os e mordendo-os ao de leve, de vez em quando. Desci mais um pouco. Parei no umbigo, que para mim sempre foi um sítio que, bem aproveitado, pode ser extraordinariamente excitante. É a última paragem antes da última descida. Passei a língua a volta do umbigo, beijando-a de quando em quando. Depois continuei.
Lambi-lhe o sexo, primeiro passando a língua em toda a sua extensão, mas pressionando mais em baixo, e diminuindo à medida que subia, sendo que quando passava no clítoris era apenas uma pequena comichão o que ela sentia. Depois foi apenas nessa zona que me concentrei. Ajudando com uma mão, para que pudesse tocá-la melhor, fui-a saboreando de um lado e outro, com movimentos circulares lentos ou pinceladas rápidas. Mudei mais uma vez, beijando-a e chupando-a, muito ao de leve, para que ficasse no limiar do que aguentava.
- Pára, também mereces qualquer coisa. – E levantou-se, virando-me agora a mim de costas, e pondo-se em posição de fazer um 69.
Adoro gajas que não tenham medo de tomar a iniciativa. Bonecas insufláveis é que não! Daquelas que estão paradas e às tantas, se não fosse o respirar acelerado, nem sei se estão ainda vivas! Foi assim que nos viemos a primeira vez naquela noite.
Mas não precisámos de parar. Eu sempre tive este particular… fase refractária não é comigo. Estou sempre pronto para outra. E para outra. E para outra. Mas ela também.
Meti-lho por trás. Mas não a deixei ficar de quatro… puxei-lhe as mãos para que ficasse com a cabeça encostada ao colchão, enquanto apoiava um pé na cama e a agarrava pela parte de trás no pescoço. Ela ia-se tocando com a mão direita. Ela veio-se mais uma vez e eu, menos de 5 segundos depois, tirei-o para fora, na altura certa, salpicando-lhe as costas.
Nem a deixei recuperar o fôlego, meti-lho logo no cu. Ela gritou, mas disse para continuar. Gritou que tinha o tamanho certo. Que a magoava mas que sabia bem. Sei lá, fartou-se de gritar, mas eu já nem ouvia, estava em êxtase. Mais uma vez! Já quase não saía nada!
Fomos para o banho, e voltámos para o quarto. E fomos para a sala. E verguei-a na mesa da cozinha. E fodi-a na varanda. E às vezes era ela que me estava a foder a mim.
Nem sei bem, mas acho que ela se deve ter vindo pelo menos 10 vezes, um recorde pessoal para mim. E acho que se tivéssemos continuado podia ir às 20 ou 30. Não sei… sei que por me doer o peito, pela primeira vez na vida, tive que engolir o meu orgulho de macho e pedir para parar.
Era o diabo aquela mulher!
Não fomos logo dormir. Ficámos a falar e a fumar cigarros. Desta vez elogiou-me sem que lhe perguntasse nada. Contou que fui dos melhores de sempre na vida dela (e ela tinha muitos no historial, portanto neste caso ser dos melhores era excelente, mesmo que não fosse o melhor).
Contou histórias de clientes. Banqueiros, políticos, empresários. Tudo o que tinha dinheiro e era putanheiro já tinha experimentado a Maria. Depois surpreendeu-me! Disse que tinha um amigo que me arranjava trabalho na minha área, bem pago, e que queria que fosse viver com ela. Os clientes tinham dinheiro para pagar os melhores hotéis, portanto não atendia em casa, e que gostava da minha companhia.
Expliquei a situação ao meu incrédulo companheiro de casa, já desde a faculdade. Disse-lhe que aquilo não devia durar muito, e que por isso continuava a pagar casa com ele, ouvi-o a chamar-me maluco várias vezes. Rindo, respondi: “Epá, vai para o caralho. O que queres? Gosto de fruta!”, e fui para Cascais.
A gaja era inteligente. Quando não trabalhava, passávamos as noites a ver filmes europeus, discutir livros e ouvir música. No intervalo da cama, claro!
Todas as tardes havia festa antes do jantar. E nas noites em que o cliente (ou os clientes) eram fracos, ou impotentes (muito viagra se deve vender aos donos de porsche’s, ferrari’s, rolls-royce’s e afins), acordava-me quando chegava. Dizia que precisava de mim para conseguir dormir. E depois dormia sempre bem. Eu é que ia todo lixado para o trabalho. Mas valia a pena.
Nunca tinha estado tão bem na vida. Não era a felicidade, mas imitava muito bem. Tinha tudo o que precisava naquela casa. E ninguém me chateava a cabeça. Fartei-me de aprender.
E assim se passou quase um ano, entre sémen, saliva, e outros fluidos, bons carros, excelentes restaurantes e alguma cultura…
Durante aquele tempo nem pensei mais no livro que ficou a meio, nem no partido que precisava de mim para a luta.